O
Ensino Social do Antigo
Testamento
a)
A Criação e o Mandato
Cultural (Gênesis
1:27-31)
Observamos, em primeiro
lugar, que o texto apresenta
Deus como Criador. E na
qualidade de Criador, Deus
está interessado em toda a
Sua Criação. Ele cria o
Homem como um ser integral:
corpo, alma e espírito, e
lhe dá condições dignas de
vida para o Homem,
providenciando tudo que é
necessário para sua
sobrevivência.
O segundo ponto importante
aqui é que Deus confere ao
homem e à mulher a tarefa de
cuidar de toda a Criação.
Este é chamado de “mandato
cultural”. Sob a orientação
do Criador, o Homem deveria
administrar os recursos da
criação, organizar a vida em
sociedade em forma de
culturas, relações
familiares, sociais,
políticas, econômicas, etc.
Vemos assim que, desde o
princípio, Deus tinha uma
preocupação com a vida do
Homem em sociedade. Isto
mostra que a esfera de
interesse não é só com a
salvação de almas, mas
também com a administração
da terra e o bom
funcionamento da sociedade
humana.
b)
As Relações sociais e
econômicas entre o Povo de
Deus
Deus confirma, no desenrolar
da História, sua preocupação
com a vida do Homem em
sociedade. No Antigo
Testamento, vemos como Deus
estabelece medidas
econômicas visando relações
justas entre o Seu povo.
Vejamos alguns exemplos:
• A Lei do Jubileu
(Lv. 25:8-34) - Esta lei
prescrevia que a cada 50
anos:
(1) a terra deveria
descansar por 1 ano;
(2) os escravos seriam
libertados;
(3) todas as dívidas seriam
perdoadas;
(4) as terras voltariam para
seus donos originais.
A intenção básica do Jubileu
era a de evitar o acúmulo de
terras (o meio de produção
básico em Israel). A
propriedade privada não
seria abolida. Mas, os meios
de produção deveriam ser
redistribuídos, de tempos em
tempos, visando com isto
impedir situações de
dívidas, pobreza,
desapropriação e miséria.
• O ano Sabático (Lv.
25:1-7) - No ano sabático,
que deveria ocorrer a cada 7
anos, a lei determinava a
liberação do solo para
descanso e renovação da
terra (sentido ecológico), a
anistia para escravos e
endividados, bem como o
descanso dos trabalhadores.
Em Êxodo 23:10,11, vemos
também que os pobres teriam
liberdade de colher por si
mesmos do fruto da terra, no
ano sabático.
• Dízimos e colheitas
(Dt. 14:22-29; Lv. 19:9,10)
- O sustento dos órfãos,
viúvas e estrangeiros era
providenciado através dos
dízimos de toda a produção
agrícola. Esta medida
econômica referente às
sobras da colheita evitava a
proliferação da pobreza
entre o povo de Deus e
também entre os
estrangeiros.
O
Ensino Social do Novo
Testamento
a)
O modelo de serviço de Jesus
- Jesus confirma,
com Suas palavras e obras, a
mesma preocupação do A.T.: o
cuidado com os necessitados,
a compaixão (Mt.9:36; 14:14;
20:34; Mc. 10:45). Jesus se
preocupou com o Homem
enquanto unidade
física-psíquica-espiritual.
Ele curou, ensinou, salvou,
consolou. Cuidou do ser
humano por inteiro,
rejeitando totalmente a
visão grega que valorizava a
dimensão espiritual em
detrimento da material. A
prática de Jesus segue uma
seqüência marcada pelo ver,
sentir e agir. Nesse
sentido, é interessante
notar que nos vários
encontros de Jesus com as
pessoas, indivíduos ou
grupos, a ação de Jesus foi
marcada por uma completa
coerência com seus ensinos.
Por isso, Pedro apresenta
Jesus como “Aquele que andou
fazendo o bem” (At.10:38).
b)
O exemplo da Igreja
Primitiva - A
primeira comunidade cristã
seguiu os passos de Jesus,
demonstrando uma grande
sensibilidade para com as
necessidades uns dos outros.
Uma prática comum daquela
igreja era a partilha de
bens para atender aos
necessitados (At. 2:44,45;
4:34,35). Essa partilha era
totalmente voluntária, e não
compulsória. O que acontecia
certamente era que os
cristãos que possuíam uma
melhor situação econômica
vendiam suas casas e terras
para atender aos irmãos mais
necessitados.
Uma observação a ser feita
aqui é que a prática dos
cristãos do segundo século,
ainda que seja louvável, não
é normativa para nós hoje. O
ensino bíblico sim é
normativo, mas não a prática
da igreja. O Novo Testamento
não apresenta evidências de
que este costume tenha se
espalhado além da igreja de
Jerusalém. O importante é
que aqueles primeiros
cristãos colocaram em
prática os princípios que
haviam sido ordenados pelo
Antigo Testamento e por
Jesus. Este é o exemplo que
fica para a igreja dos
nossos dias.
Os apóstolos também se
preocuparam com o
compromisso social cristão.
Paulo fala da liberdade da
contribuição (I Co. 9:7).
Cada um deveria dar conforme
a sua prosperidade. Paulo
elogiou os macedônios porque
“deram na medida de suas
posses e mesmo acima delas”
(II Co. 8:3).
• O apóstolo Tiago tem uma
posição bastante contundente
quanto à injustiça social e
aos ricos. Tiago condena
abertamente os ricos que
oprimem os pobres e são
insensíveis à sua pobreza e
necessidades. Tiago não
condena os ricos por serem
ricos simplesmente, mas o
faz quando são egoístas e
cometem injustiças contra os
pobres (5:1-6).
Para refletir:
1. Será que nós nos
identificamos com o
interesse de Deus pela
justiça e paz? Como
compartilhamos desse
interesse de Deus?
2. Que atitude Deus pede de
nós frente aos necessitados?
O que significa ser povo de
Deus num país castigado pela
fome e miséria? Um país onde
duas crianças morrem a cada
4 minutos, a maior parte de
fome? Até que ponto esta
realidade nos afeta e
sensibiliza?
3. Qual a relevância da
ética do Antigo Testamento
(as leis que deviam nortear
a vida familiar, social, o
trabalho, a economia, a
política) para nós hoje?
Como ela nos ajuda a pensar
numa ética do Reino para as
nossas relações familiares,
sociais, econômicas, etc?
Leia os textos abaixo e
descreva os problemas
sociais aos quais os
profetas se referem. Que
paralelos você vê em nossa
sociedade atual? Is. 1:17;
10:1,2; 5:8; Ml. 3:5
Fonte:
Manual de Ação Social
Metodista Livre |