O beijo é o termômetro do
desejo. Sinal poderoso
antes, durante e depois da
relação sexual. Saber usar
esse sinal é um fator
decisivo para uma
relacionamento de qualidade.
O beijo nos coloca novamente
em contato com as primeiras
sensações de prazer e
gratificação sentidas no ato
de sugar. Desde muito cedo,
a boca é a primeira fonte de
prazer. Com 16 semanas de
vida, além de fazer caretas,
levantar as sobrancelhas e
coçar a cabeça, as papilas
gustativas já estão
desenvolvidas.
A experiência tem
demonstrado que o feto faz
careta e para de engolir
quando uma gota de
substância amarga é colocada
no líquido amniótico. Por
outro lado, uma substância
doce provoca a aceleração
dos movimentos de sucção e
deglutição. Aliás, o prazer
do paladar continua na fase
em que o bebê se amamenta
através do mamilo da sua
mãe. Daí para frente, o
paladar fica cada vez mais
apurado.
É através da boca que o bebê
estabelece seu primeiro
contato com outro ser humano
e a partir daí, começa a
conhecer o mundo, lambendo e
levando a boca todo e
qualquer objeto.
Conhecendo as texturas,
áspero, liso. Os gostos,
salgado, doce, amargo,
ácido. A temperatura, morno,
gelado, quente. Beijar é ter
a permissão de entrar no
território alheio,
descobrindo aromas, sabor e
temperatura até então
desconhecidas.
No ato de beijar estamos tão
próximos que a percepção do
cheiro fica mais aguçada. E
a razão pela qual beijar
alguém é uma experiência -
quase em todos os casos -
prazerosa, é a quantidade de
terminações nervosas
localizadas naquele pequeno
espaço formado entre a boca
e as narinas.
É por isso que cada beijo é
uma grande fonte de prazer
tanto para quem o dá quanto
para quem o recebe. Porém
não bastam só os terminais
nervosos para que um beijo
seja bom. É muito importante
o modo como os receptores
são estimulados, e esse
jeitinho muito particular
que cada um tem de beijar é
o que faz com que cada
pessoa beije de modo
diferente.
Do beijo “selinho” , aquele
dado só com a pontinha dos
lábios, rapidinho ao
“caliente “ beijo de cinema,
dado com intensidade .
Ricardo Cavalcanti, no livro
“Flores e chocolate” afirma:
”O beijo desperta não só uma
enorme quantidade de
produção de endorfinas, mas
ele também é um excelente
elemento para fisioterapia
das lesões da face. Durante
um beijo são mobilizados 29
músculos, sendo 7 linguais.
Os batimentos cardíacos
aumentam de 70 para 150,
melhorando a oxigenação do
sangue, o que mostra que o
beijo tem também indicação
cardiológica. Mas ele também
tem alguns pequenos
inconvenientes. No beijo há
uma considerável troca de
substâncias, 9 miligramas de
água, 0,7 decigramas de
albumina, 0,8 miligramas de
matérias gordurosas, 0,5
miligramas de sais minerais,
sem falar em outras 18
substâncias orgânicas, cerca
de 250 bactérias, e uma
grande quantidade de vírus.
Não se assustem com esses
números, o beijo é ótimo.
Sem esquecer que o beijo
estimula a liberação de
hormônios que causam
bem-estar".
Detalhe: na troca de
saliva, a boca é invadida
por cerca de 250 bactérias,
18 de substâncias orgânicas.
As terminações nervosas
reagem ao estímulo erótico e
promovem uma reação em
cadeia. Ao mesmo tempo, as
células olfativas do nariz –
mais próximas da boca –
permitem tocar, cheirar e
degustar o outro.
Além disso, o beijo é
calórico. Acredita-se que um
beijo caprichado consuma
cerca de 12 calorias. A
melhor maneira de dar um
beijo é transmitir a emoção
que se está sentindo. Uma
vez que quando se tem um
prazer ou emoção grande,
esta contagia o outro. E
para isso, o principal é
conhecer-se e reconhecer-se
no outro.
Mas, no momento de preparo
para uma relação sexual,
nenhum parceiro vai lembrar
das indicações fisiológicas
do beijo - assim espero - o
que vai importar é o afeto,
o cuidado, a importância, a
calma, a interpretação dos
sinais. E são sinais a serem
aprendidos como um novo
idioma.
E como na arte do afeto
somos sempre aprendizes,
estamos ensinado e
aprendendo.Como e onde gosto
de beijar. Como e onde o
outro gosta de ser beijado.
Essas interpretações, esses
sinais que não são ditos,
mas transmitidos,esses
muitos significados indicam
por quais caminhos devo ir
descobrindo, tocando,
amando.
Menosprezar esse gesto tão
importante é cair na
mesmice, na repetição.
Porque essa linguagem também
muda, com o tempo, o
momento, a fase da vida e a
história de cada um.
Sugiro aqui uma
brincadeirinha: Que todo
casal “brinque” de ser
namorado, de enamorar-se, de
beijar com a curiosidade de
conhecer o que tem lá no
outro. De aprender ou
reaprender os sinais de quem
beija. De ser eternos
descobridores da linguagem
contida num beijo.
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