A antropologia trata das
características
socioculturais da
humanidade: costumes,
crenças, comportamento,
organização social. E os
estudos até aqui efetuados
pelos antropólogos
encontraram um traço comum a
todas as culturas: a
religiosidade. Jamais foi
encontrada uma cultura
atéia; pois as culturas dos
povos, sem nenhuma exceção,
buscam se relacionar com
algum tipo de divindade.
Em suma, todas as pessoas
têm algum tipo de fé. Até o
ateu precisa de fé, embora
de um tipo diferente, para
afirmar que não crê na
existência de Deus. Todas as
religiões trafegam num
caminho que tem algum tipo
de fé como referencial.
Desse modo, a religião é
essencialmente o esforço
humano supremo para se
chegar até Deus.
O evangelho, por outro lado,
é o esforço de Deus para
chegar até ao ser humano. É
Deus tentando se relacionar
com a humanidade. É Deus, o
Verbo, se fazendo carne,
“tornando-se em semelhança
de homens e reconhecido em
figura humana”. É Jesus,
Deus e Homem, vindo ao nosso
encontro para nos dar vida
abundante na terra e vida
eterna no céu.
O evangelho é diferente de
todas as outras religiões.
Embora o ser humano tenha
feito um esforço tremendo
para transforma o evangelho
num sistema de crenças, numa
religião chamada
cristianismo, podemos notar
que isso jamais esteve nos
planos de Deus. É só ler as
Escrituras Sagradas. Jesus
não mandou pregar o
cristianismo. Ele disse:
“Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda
criatura” (Mc 16.15).
A rigor, Jesus não era
sequer “cristão”. Seus
seguidores eram chamados de
discípulos, e só foram
chamados de cristãos muito
tempo depois de Jesus ser
assunto aos céus, na cidade
de Antioquia. Porém, o
vocábulo cristão não era
nenhum elogio; antes, era um
apelido, uma designação
pejorativa. Ser chamado de
cristão não tinha nada de
especial; representava, na
melhor das hipóteses, um
proscrito social.
No início da era cristã, a
palavra cristão era um
adjetivo. Só séculos depois
é que se tornou um
substantivo, quando o ser
“cristão” passou a ser o
portal de entrada para a
aceitação social e a base
para uma grande carreira.
Jesus jamais utilizou a
palavra cristão para
designar Seus seguidores.
Antes, a sua palavra
preferida era discípulo,
utilizada 269 vezes no Novo
Testamento, cujo significado
é “seguidor, aluno,
aprendiz”.
Será que há boas razões para
isso? Claro!
Todo discípulo pode até ser
um cristão; mas nem todo
cristão é um discípulo. O
cristão pertence a uma
instituição; o discípulo é
membro do Corpo de Cristo. O
cristão costuma ser
condicionado pelas
circunstancias; o discípulo
aproveita as circunstancias
para exercer a sua fé. Os
cristãos estão transtornados
pelo mundo; os discípulos
transtornam o mundo.
O cristão cria hábitos
religiosos; o discípulo
rompe com as formas. O
cristão sonha com a igreja
ideal; o discípulo trabalha
para a igreja real. A meta
do cristão é ganhar o céu; a
meta do discípulo é ganhar
vidas para o céu.
Mas existe outra diferença
significativa: o cristão
deixa a vida acontecer para
ele; o discípulo deixa a
vida acontecer através dele.
Isso quer dizer que o
cristão geralmente vê a vida
como algo vindo contra ele,
sentindo-se como um alvo
surrado, usando todas as
suas energias para se
proteger das flechas da
vida.
O discípulo não é um alvo da
vida, é um canal de Deus. Ao
invés de viver se esquivando
dos dardos inflamados da
vida, é um canal da vida e
do amor de Deus, sendo
abençoado para abençoar os
outros.
Jesus não quer que sejamos
apenas cristãos, pois isso
não basta. Os maiores
inimigos do cristianismo são
os próprios cristãos. Jesus
quer que sejamos Seus
discípulos. Você aceita o
desafio? |