2 Tessalonicenses
(2 Ts)
Autor: Paulo
Data : 51 d.C.
Local: Corinto.
Tema: 2a vinda de Cristo.
MOTIVO DA CARTA
Paulo escreveu a segunda epístola pouco tempo depois da primeira. Os
tessalonicenses ainda estavam confusos e perturbados sobre os fatos dos
últimos dias, "como se o dia de Cristo já tivesse chegado." (2.2).
Talvez tenham recebido uma falsa carta com o nome de Paulo. Por isso, o
apóstolo coloca sua assinatura em 3.17. Talvez tenha havido um erro de
interpretação dos ensinos da primeira epístola. Observe que nela, o
próprio Paulo se incluía no arrebatamento da igreja: "Nós, os que
ficarmos vivos..."(I Ts.4.17).
Alguns membros da igreja parecem ter deixado o trabalho, considerando
que a 2a vinda era iminente (3.6-12). Esse problema pode ocorrer ainda
hoje, e até de forma mais intensa. O cristão não pode usar a segunda
vinda de Cristo como uma desculpa para a preguiça. Espere a sua vinda,
mas espere trabalhando, afim de que ele nos ache servindo bem (Lc.12.43).
Na primeira epístola, Paulo falou sobre a segunda vinda de Cristo.
Depois, escreveu a segunda para avisar que antes deveriam ocorrer a
manifestação do iníquo e a apostasia.
ESBOÇO
I - Introdução e saudações - 1.1-2.
II - A igreja dos tessalonicenses e a 2a vinda de Cristo - 1.3-12.
III - Os eventos que devem preceder a 2a vinda - 2.1-17.
IV - Exortações éticas e práticas à luz da 2a vinda - 3.1-15.
V - Saudação final - 3.16-18.
COMENTÁRIO
Novamente, Paulo faz elogios à igreja em relação à sua fé, seu amor e
firmeza no meio das tribulações. A tribulação pode tê-los feito pensar
que já se tratava da "grande tribulação" escatológica.
Capítulo 1 - A segunda vinda de Cristo
Ao introduzir o assunto da segunda vinda de Cristo, Paulo mostra que ele
trará recompensa para os justos e ímpios (1.6-10), os quais serão
encaminhados aos seus destinos eternos. Não se assombre com a situação
dos ímpios hoje (Sl.73). Sua eventual prosperidade é passageira, mas sua
perdição é eterna, a não ser que se convertam e se salvem, motivos pelos
quais a igreja deve trabalhar.
Capítulo 2 – A apostasia
Apostasia significa abandono da fé. O apóstolo sempre se preocupava com
a saúde doutrinária das igrejas, temendo que elas fossem desviadas do
caminho cristão (II Co.11.3; I Tm.4.1; II Tm.4.3). Afinal, não se
tratava apenas de um temor mas de uma certeza: a apostasia aconteceria.
Mas.. que apostasia é essa? Em todos os tempos houve quem se desviasse
do caminho. Porém, o desvio mencionado por Paulo parece assumir
características peculiares, talvez em função de sua profundidade
doutrinária e da quantidade de desviados. Há quem relacione tal
apostasia ao estabelecimento do catolicismo romano sobre as bases da
verdadeira igreja. O desvio da fé teria ocorrido mediante a imposição de
doutrinas estranhas aos ensinamentos de Cristo. Tal hipótese é digna de
reflexão.
Capítulo 2 – O iníquo
O homem da iniqüidade, mencionado por Paulo, é normalmente identificado
como o Anticristo. Paulo mesmo nunca usou essa expressão em suas
epístolas. João foi o único que falou explicitamente em "anticristo" e
"anticristos" (I Jo.2.18-22; 4.3; II Jo.7). É bastante comum a posição
dos comentaristas sobre a identificação do anticristo no texto de II
Tessalonicenses 2. Além disso, as próprias editoras que imprimem a
bíblia colocam tal entendimento no título do capítulo.
Anticristo é, antes de tudo, um espírito, ou uma atitude contra Cristo.
Sob esse enfoque, João diz que "muitos anticristos têm surgido". Uma
forma de sua manifestação é a oposição a Cristo. Outra maneira é a
tentativa de se fazer passar por Cristo, tentando assumir o seu lugar e
tomar a sua honra.
A expectativa a respeito do Anticristo vem do Velho Testamento. O reino
do Messias deveria ser precedido por uma grande manifestação maligna.
Tal personagem é, muitas vezes identificado como um homem, um grande
líder político. Sob esse ponto de vista são interpretadas algumas
profecias do VT. O mesmo indivíduo é simbolizado através da figura de
animais. Estaria então relacionado com pelo menos uma das bestas do
Apocalipse. De acordo com a visão escatológica pré-milenista, o
Anticristo se manifestará e será aceito pela nação de Israel como se
fosse o Messias. Em seguida, haveria um curto período de paz. Seu
governo incluiría um rigoroso controle econômico. Na seqüência, viria a
grande tribulação, ainda sob o domínio do Anticristo. Ao fim desse
período haveria a segunda vinda de Cristo e a destruição do iníquo.
Textos geralmente associados ao assunto: Ez.38 e 39; Dn. 7.9-12; Dn.9.24-27;
Dn. 11.21,36 a 12.2; Mt.24.5-30; Apc.13.1,11,12,13; 19.19-20; Jo.5..43.
Os títulos do Anticristo:
Homem violento - Is.16.4.
Homem do pecado - II Tss.2.3.
O príncipe que há de vir - Dn.9.26
O rei do norte - Dn.11.40.
O angustiador - Is.51.13.
O filho da perdição - II Tss.2.3.
O iníquo - II Tss.2.8.
O mentiroso - I Jo.2.22.
O enganador - II Jo.7
O anticristo - I Jo.2.18,22; 4.3.
A besta - Apc.11.7; 13.1,7.
O rei feroz - Dn.8.23-25.
Muitas têm sido as tentativas de se identificar o Anticristo na
história. Grandes líderes mundiais têm sido apontados como possíveis
anticristos. Podem realmente ter sido no sentido lato mas não no
restrito. Se Hitler ou Napoleão tivessem sido o Anticristo, então Jesus
teria voltado naquela época.
O texto diz que algo ou alguém impede a manifestação do Anticristo. Quem
ou o quê o detém? Ninguém sabe dizer. As especulações a esse respeito
são tão variadas que há quem diga que Satanás impede tal manifestação.
Um grupo bem maior acredita que o Espírito Santo o detém. No meio termo
há quem proponha que o empecilho seja o próprio Paulo, ou o Império
Romano ou o Imperador.
Suas ações - sinais e injustiça. Ele mostrará o poder do diabo em
ação. Embora muitos digam o contrário, o Diabo tem poder. Ele pode fazer
o que Deus permite que ele faça. O Diabo faz sinais. E é importante que
se diga que a realização de sinais não determinam a origem divina de um
fato ou a autoridade divina de um líder. O Diabo faz sinais mas não
ensina a justiça. O objetivo dos seus sinais é manter o homem preso.
Assim aconteceu no Egito. O objetivo dos sinais dos magos de Faraó era
perpetuar a escravidão dos israelitas. Então, como vemos hoje, o maligno
oferece "trabalhos" para cura e "trabalhos" para matar as pessoas;
"trabalhos" para o sucesso e "trabalhos" para tomar o cônjuge de outra
pessoa.
Em II Tss. 2, temos a associação dos seguintes elementos: sinais (poder)
+ mentira + engano + injustiça + iniqüidade. Daí a importância de
relacionarmos: poder (eventual manifestação) + verdade (palavra /
constante) + justiça (ação / constante).
Os judeus querem sinal: I Cor.1.22. Então, terão sinais. João Batista
não fez nenhum sinal mas tudo o que ele disse era verdade. Os sinais são
importantes, mas são secundários. Jesus falou sobre sinais que seguiriam
os que cressem (Mc.16). Não somos nós que vamos seguir os sinais. A
verdade está em primeiro lugar.
A identificação do Anticristo: O sinal, o número 666 e o seu
nome. Ap.13-16-17.
Sua destruição: aniquilado por Cristo, na sua 2a vinda.
Capítulo 3 – Exortações éticas e práticas
A ênfase nesse capítulo está sobre o trabalho. Não devemos usar a
expectativa da segunda vinda de Cristo como desculpa para a preguiça, a
ociosidade e a negligência.
Existe nesse ponto o risco de se adotarem posições extremas.
1 - Viver como se Cristo não fosse voltar. Isso poderia levar a
um comportamento errado como aconteceu com os israelitas quando pensaram
que Moisés não desceria mais do monte.
2 - Viver como se ele fosse voltar imediatamente.
É necessário que tenhamos uma postura equilibrada conjugando fé,
trabalho e vigilância.