Texto: Hebreus 13
Introdução: O livro de Hebreus, capítulo 13, traz, pelo menos, 10
mensagens e lições para a vida cristã.
Se fizermos uma análise minuciosa desse capítulo, teremos, sem exagero,
um manancial, um tesouro, à nossa disposição contendo preciosas lições
para a vida, mas nesse texto, gostaria apenas de apresentar uma reflexão
a respeito de seis coisas que os seguidores do cristianismo
verdadeiramente cristão não podem esquecer ou ignorar.
1. Hospitalidade – “Não
negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber
acolheram anjos” (v.2).
O autor de Hebreus assevera que não devemos nos esquecer da
hospitalidade. E ele menciona uma razão para fazermos isso: “alguns,
praticando-a, sem o saber acolheram anjos” (ARA). Pense no que significa
ser hospitaleiro. Tratar bem aos amigos é fácil. E, quando temos de ser
hospitaleiros com quem não conhecemos ou com os inimigos? Sofremos, ao
fazer isso. No entanto, Deus muitas vezes usa esse tipo de circunstância
para nos abençoar. Não foi isso que aconteceu com a viúva que ajudou
Elias? E o que dizer de Zaqueu? Já imaginou se ele dissesse a Jesus: “Na
minha casa, não! Minha mulher não vai gostar de receber uma visita
inesperada!”.
2. Presos – “Lembrai-vos dos
encarcerados, como se presos com eles” (v.3a).
Sejamos sinceros: Qual cristão, incluindo eu e você, costuma se lembrar
dos presos, dos encarcerados? Aliás, quando eu me lembro de alguns
presos “famosos” (na verdade, afamados), não lhes desejo, no meu íntimo,
boas coisas. Mas o texto bíblico de Hebreus 13 diz: “Lembrai-vos dos
encarcerados, como se presos com eles” (ARA). Meu Deus, que difícil
recomendação da sua Palavra! Como eu preciso melhorar!
3. Maltratados – “... dos que sofrem
maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os
maltratados” (v.3b).
A versão de Revista e Corrigida de Almeida (ARC) diz “Lembrai-vos dos...
maltratados”, e a Revista e Atualizada (ARA): “Lembrai-vos... dos que
sofrem maus tratos”. E acrescenta: “como se, com efeito, vós mesmos em
pessoa fôsseis os maltratados”. Gostamos de lembrar apenas de coisas
boas, que nos trazem satisfação. Ninguém gosta de lembrar, por exemplo,
de um morador de rua, maltratado pela vida ou pelas más escolhas que
fez. Os espíritas dizem: “Ele está sofrendo, mas é o seu karma”. E
alguns evangélicos, conquanto iluminados pelo Espírito, se dão ao luxo
de afirmar, sem nenhuma compaixão: “Deus sabe por que esse homem está
sofrendo; trata-se de um miserável pecador, um vaso da ira”. Ah, como o
nosso cristianismo seria realmente cristão se aprendêssemos a ser “bons
samaritanos”!
4. Pastores – “Lembrai-vos dos
vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando
atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (v.7).
Nunca os pastores foram tão desrespeitados. Hoje, ser pastor não
significa muita coisa. É claro que há falsos obreiros, aos quais convém
mesmo “tapar a boca” ou refutar segundo a Bíblia (Tt 1.10,11). Mas não
são muitos os cristãos que atentam para a seguinte recomendação:
“Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a
fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver” (ARC). Esse
respeito aos pastores (“guias”, ARA) não é por causa do título que eles
possuem, e sim porque foram chamados e ungidos pelo Senhor. E quem se
levanta contra eles — no caso dos verdadeiros, é claro — está se
levantando contra quem?
5. Beneficência – “Não
negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois,
com tais sacrifícios, Deus se compraz” (v.16).
O texto diz: “E não vos esqueçais da beneficência” (ARC). Beneficência é
o amor em ação; é a prática do bem. Afinal, o amor só é amor quando em
ação. Se alguém diz “Eu amo a Palavra”, mas nunca medita nela, que tipo
de amor é esse? Por isso, o salmista, ao falar do seu amor para com a
Lei do Senhor, afirmou que ela era a sua meditação em todo o dia (Sl
119.97). E o que dizer do amor a Deus e ao próximo? E o que dizer do
amor aos inimigos? A Bíblia não diz que devemos fazer bem a todos? Essa
última pergunta é retórica; traz em si mesma a resposta de que devemos
amar e fazer o bem (amor em ação) até aos nossos inimigos (Rm 12.20).
Estamos dispostos a isso? Ou queremos vê-los arrasados, prostrados,
enquanto cantamos: “Tem sabor de mel, tem sabor de mel, a minha vitória
hoje tem sabor de mel”.
6. Comunicação - “Não negligencieis
igualmente... a mútua cooperação” (v.16).
“Não negligencieis igualmente... a mútua cooperação” (ARA), diz o autor
de Hebreus. E acrescenta que Deus se compraz com esse tipo de
sacrifício. Ser um cooperador, um ajudador, alguém que comunica alguma
coisa a alguém, seja um dom espiritual, seja uma ajuda material,
significa se sacrificar pelo próximo! Mas, quem hoje está disposto a
sofrer, a se sacrificar, por alguém que não seja um parente, como
filhos, netos, esposa, pais? Enfim, correr atrás de trio elétrico
dizendo que está evangelizando os foliões é fácil.
Conclusão: Escrever belos textos, pelos quais expomos o nosso
pensamento e refutamos isso e aquilo, também não é tão difícil. Mas, e
viver o cristianismo verdadeiro, o cristianismo realmente cristão, que
não se esquece da hospitalidade, dos encarcerados, dos maltratados, dos
pastores, da beneficência e da mútua cooperação?
Lamento, mas o cristianismo realmente cristão é para quem deseja ter a
Bíblia como a sua regra de fé, de prática e de vida. E é isso que eu
desejo, embora reconheça, humildemente, que ainda não o tenha alcançado
plenamente.
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ARA – Tradução Revista e Atualizada
ARC – Tradução Revista e corrigida