“Portanto ide, fazei
discípulos de todas as
nações...” Mateus 28.19
Outro dia meu carro teve uma
pane.
O problema era mais sério do
que eu pensara e tive que
pedir a um amigo que me
puxasse com o seu carro até
uma oficina mecânica.
Com uma corda bem
resistente, não muito curta
nem muito longa, amarramos o
meu carro ao dele e lá fomos
nós, atravessando a cidade.
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Marcas daquele trajeto:
Onde ele passava, lá estava
eu atrás.
Virava para a direita? Eu
também. Para a esquerda? Eu,
igualmente.
Ele aumentava a velocidade?
O mesmo se passava comigo.
Diminuía? Eu diminuía.
Ele parava no semáforo? Eu
também.
Avançava? Lá ia eu atrás
dele.
Em alguns pontos do trajeto
percebi que meu carro, mais
leve, avançava mais rápido
que o dele, colocando em
risco meu pára-choque
dianteiro e o pára-choque
traseiro do seu carro. Então
eu fui com o pé no freio, e
a maior parte do caminho eu
fui sendo arrastado e
freando para não me
aproximar muito.
Liguei meu pisca alerta e
mantive a distância.
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Em outras palavras:
Eu estava amarrado a ele;
não podia ultrapassá-lo; não
me arriscava a me aproximar
muito; avançava com o pé no
freio. Em tudo o que ele
fazia, eu o imitava.
Você quer ouvir uma triste
notícia?
Há muita gente que pensa que
estas são as marcas de um
bom discipulado.
Não, não. Estas são as
marcas de um carro
estragado.
Quando você vir duas
pessoas, o mestre e o
discípulo, num
relacionamento como o
descrito acima, não se
alegre, não teça elogios.
São marcas de carro
estragado, de comportamento
doentio, e nunca de um
discipulado cristão.
Quando você vê duas pessoas
numa política de imitação,
onde o que segue atrás não
pode aumentar a velocidade;
anda amarrado ao da frente;
com velocidade controlada;
tem que avançar com “freio
puxado”, e quando se
aproxima muito, há
choques...
Saiba bem claro: Isto
não é discipulado cristão.
Se dissermos que Jesus tinha
suas cordas, é bom
esclarecermos que eram
cordas de amor.
Cordas que tiravam os fracos
do lamaçal, que levavam os
pobres ao topo da montanha;
que transladavam os famintos
à mesa abundante; que
conduziam os cegos ao bom
caminho.
Sim, mas estas cordas de
amor não impediam aos que o
seguiam de parar à beira do
caminho; ou dele se
distanciarem, descontentes,
escandalizados.
Cordas que se esticavam, no
distanciamento, e que, na
aproximação, não produziam
acidentes.
A beleza daquele novo
relacionamento entre Jesus e
seus discípulos estava no
fato de que ele não
uniformizava os seus
seguidores, não lhes tirava
a identidade pessoal, não
lhes destruía a
personalidade, não lhes
ditava uma única ocupação,
atividade ou ministério.
Paulo, Apolo, Pedro, João...
Exemplos, dentre muitos
outros.
Sim, o Criador das
diferenças as permitia.
::
Você sabe o que Jesus nunca
permitiu em sua caminhada?
Que o arrastar da multidão o
parasse ou diminuísse sua
marcha.
Que os milhares que o
seguiam, e que queriam
puxá-lo em direção oposta, o
vencessem.
Mesmo que, qual pastor, ele
caminhava lentamente com as
ovelhas que amamentavam, e
carregava os cordeirinhos no
colo.
::
Você sabe onde termina um
discipulado errado?
Aqui: Os que seguem, colocam
uma marcha à ré e conseguem,
enfim, puxar o que, antes,
era o mestre para o caminho
do erro.
Por que?
Porque os discípulos eram
dele, e não de Cristo.
Quanto ao discipulado
correto, ele se inicia neste
ponto:
Paramos nosso carro;
sentamo-nos “na poltrona do
carona” e entregamos a
Jesus, e a Ele somente, o
volante, o freio, o
acelerador.
Algo que eu nunca poderia
ter feito com o meu amigo
que me puxou até à oficina
mecânica.
- Moisés
Suriba - Missionário - |