Maria e Antonio casaram-se
bem novos ainda. A festa do
casamento foi linda. Muitos
convidados compareceram,
levando maravilhosos
presentes. Lua-de-mel cheia
de felicidade, num lugar
belo e aprazível. Como ainda
eram estudantes
universitários, foram morar
no campus da Universidade,
num kitnet alugado para
alunos. Ao chegarem ao
apartamento, de volta da
lua-de-mel, um susto - não
tinham comprado cama, e a
corrida à loja mais próxima
para um gasto inesperado -
falha de planejamento.
Muitos outros casais têm
tido problemas por falhas no
preparo para o casamento.
Este artigo visa reavivar a
memória dos noivos para
alguns aspectos muito
importantes antes do
casamento.
Quando Deus realizou o
primeiro casamento, já havia
planejado tudo com muito
esmero: antes mesmo de criar
e unir os noivos, preparou a
casa com tudo o que eles
iriam precisar - o belo
Jardim do Éden. Objetivos e
leis para o casal foram
incluídos nesse
planejamento.
Assim também os jovens têm
grandes responsabilidades no
preparo de seu casamento,
preparo que envolve várias,
ou melhor, todas as áreas.
Alguns só se preocupam com
certas áreas, como festa,
trajes, lista de presentes,
lua-de-mel, que fazem, sim,
a felicidade dos noivos, de
suas famílias e dos
convidados, mas que são
momentos bastante
passageiros, que não
permanecem para fazer a
felicidade do dia a dia. Há
outras coisas fundamentais,
duradouras e que promovem a
real felicidade através dos
anos.
Para mim o requisito
indispensável para um bom
cônjuge, é ser um servo de
Deus fiel e comprometido com
Jesus Cristo e sua Causa,
para que os dois possam orar
juntos e pedir a direção
divina para cada passo rumo
ao altar. Diria alguém: o
noivado não é mais tempo de
orar - casamento marcado,
convites prontos, a festa
contratada... Eu afirmo que
é tempo, sim, pois noivado
se desmancha até no altar.
Quanto a desmanchar um
casamento, aí eu já tenho
minhas restrições. Mas isso
é outro assunto. Só efetive
seu casamento, se você tiver
plena paz no coração e
convicção de que Deus o
aprova. Se ainda paira
alguma dúvida ou
insegurança, pense bem e ore
um pouco mais.
O preparo físico é
outra área a ser bem
considerada. Se, ao casar,
um dos cônjuges traz alguma
doença crônica ou mesmo
repentina, esta deve ser bem
tratada antes do casamento.
Por quê? Uma enfermidade
sempre traz gastos e
preocupações. Se o casamento
já começa com gastos
excessivos em medicamentos e
exames, então isso vai
desequilibrar o orçamento
familiar. Então, vamos
tratar disso antes do
casamento, ainda que pese em
adiá-lo.
O exame pré-nupcial é
indispensável, pois
identificam algumas dessas
possíveis enfermidades, além
de apontar
incompatibilidades
sanguíneas que podem
acarretar dificuldades
depois. Alguns noivos, com
medo de que isso venha a
acontecer, deixam de fazer
os exames. Não é o caso,
pois para alguns problemas
há soluções. Se a solução é
impossível, os noivos podem
optar por casar-se e arcar
com os problemas como
esterilidade, por exemplo.
Uma coisa que muito
interfere no bom
relacionamento do casal é a
sua área emocional e
psíquica. Conversando
com uma colega não cristã,
ela compartilhou: - Fulano
me enganou. No tempo de
namoro ela me disse que
gostava de dançar e até me
levava sempre a bailes. Só
que agora, depois de quinze
anos de casados, ele revelou
que não gosta de dançar, mas
por amor, aceitou ir apenas
a dois bailes por ano.
Problemas desse tipo são
evitados quando se
estabelece um diálogo franco
e sincero, para um
conhecimento profundo do
outro - seu temperamento,
seus gostos, suas
preferências, seus
sentimentos.
Nessa área, ainda é muito
importante procurar conhecer
o relacionamento dele (a)
com a família. A
experiência prova que,
geralmente (toda regra tem
exceções), o bom filho dá
bom marido e vice-versa.
Para tanto é preciso os
noivos observarem o
comportamento lá na
intimidade da família. Se há
amor, respeito, cortesia,
cooperação, entendimento,
união, interesse mútuo.
Quando a família vive bem,
os filhos que saem para
casar vão querer continuar
sendo felizes.
É hora também de se
estabelecerem os
objetivos, os planos e
os caminhos para atingi-los.
é o momento para troca de
idéias quanto ao número de
filhos, quando ao trabalho
da mulher fora de casa,
quanto a oportunidade de
estudar (quem não teve
ocasião de fazê-lo) ou de
aperfeiçoar seus estudos.
Tenho encontrado casais em
pé de guerra, porque a
mulher tem desejo e
necessidade de estudar e o
marido não permite. Outras
que trabalhavam
profissionalmente quando
solteiras e o marido proíbe
que façam isso. A mulher
fica frustrada, o que pode
ser raiz destrutiva para
esse casamento. Por isso,
tudo deve ficar acertado no
tempo de noivado, com
clareza e sinceridade, mais
ainda com o compromisso de
manter sua palavra.
E agora o grande vilão:
finanças. Para se
casarem, o casal tem que ter
um mínimo de estabilidade
financeira. No entanto, não
é preciso ter tudo do
melhor. Há muitos objetos e
aparelhos supérfluos numa
casa, que podem ser
adquiridos com o tempo.
Tenho ouvido muitos noivos
dizerem que só se casarão
quando puderem adquirir um
imóvel. Maravilhoso, se o
orçamento comportar. Outros
querem adquirir tudo o que
há de mais moderno e
sofisticado em elétricos e
eletrônicos. Sei de vários
casais que o primeiro objeto
que adquiram na montagem da
casa foi uma televisão. Não
será mais importante um
fogão, uma máquina de lavar,
os móveis de quarto...?
E já que estamos falando em
coisas, uma observação:
hoje, quando consultamos
listas de casamento em lojas
de presentes, causa
admiração a coragem e
ousadia dos noivos, pois já
vi até geladeira,
computador, televisão, ar
condicionado e outros de
alto custo. Tudo bem que se
peça e ganhe algumas dessas
coisas, mas para pessoas
mais íntimas, familiares,
padrinhos, se tiverem
condições. É a minha
opinião, desculpem-me os que
pensam diferente.
Orçamento é conversa
importante para os noivos.
Sentar, com papel e caneta,
ou à frente de um
computador, usando uma boa
planilha financeira, traçar
um orçamento, contabilizando
as entradas de ambos e
planejando todos os gastos.
Há muitas sugestões de
orçamento à disposição, para
consulta e modelo. Os noivos
cristãos, comprometidos com
o Reino de Deus, não podem
esquecer que o primeiro item
há de ser sempre a parte que
não lhes pertence - o
dízimo, pois este pertence
ao Senhor. Um alerta que
deve ser combinado: nunca as
despesas devem ser maiores
do que a receita, ou seja,
gastar mais do que se ganha.
Mais um conselho: se os dois
têm renda, o orçamento da
família deve ser feito em
conjunto. O casamento une
também os bolsos, as contas
bancárias. Nunca deve haver
o "meu e o seu dinheiro". O
dinheiro e as finanças são
responsáveis por grande
número de separações e
divórcios. Portanto,
organizem suas finanças
ainda enquanto noivos, de
preferência sem levar para o
casamento dívidas,
prestações, que podem
desequilibrar qualquer
orçamento, sobretudo no
início do casamento.
Como vai funcionar o nosso
casamento? Outra questão
para os noivos - combinar as
atribuições de cada um,
considerando que direitos e
deveres são dos dois
igualmente. É hora de
leituras informativas sobre
a anatomia e funcionamento
do outro sexo, não só na
área física, mas também na
emocional, pois homem e
mulher são bem diferentes em
suas reações e interesses.
Incluir os filhos nesse
planejamento. Quantos? Em
que tempo? Como será a
disciplina e educação deles?
Feito todo esse planejamento
básico para a felicidade do
casal, resta planejar os
dias e momentos que
antecedem e sucedem o dia do
casamento.
O casamento civil - a
papelada deve ser tratada
com antecedência suficiente
para correrem os proclamas e
sem atropelos de última
hora. Não é bom que aconteça
o que aconteceu com Célia e
Júlio, que na véspera do
cerimonial religioso não
tinham ainda a habilitação
dada pelo juiz, autorizando
o casamento. E agora? Tudo
pronto e contratado para a
festa. A imprudência dos
noivos deixou o pastor em
maus lençóis - não fazer o
casamento seria um
transtorno para todos.
Fazer, seria contrariar as
leis do país. O bom senso do
pastor levou-o a realizar a
cerimônia, com o compromisso
dos noivos de que não teriam
qualquer relacionamento
físico antes do casamento
civil. A noiva, depois da
festa, voltou para a casa
dos pais, onde ficou até que
os papéis ficassem prontos.
Talvez hoje, não se desse
tanta importância ao caso,
infelizmente. Mas mesmo
assim será prudente preparar
tudo com alguns meses de
antecedência.
Os trajes é outra
coisa a providenciar com
antecedência, para evitar
correrias de última hora,
que estressam e prejudicam,
quando não causam atritos
nas casas dos noivos. Lista
de convidados, lista de
presentes (opcional),
recepção (se houver). Não
fazer dívida para oferecer
uma festa além das
possibilidades dos noivos e
de suas famílias. Se tiverem
de optar entre a festa e a
lua-de-mel, minha opção
seria pela lua-de-mel. A
festa é mais para os
convidados, enquanto a
lua-de-mel, como o nome já
diz, é a melhor recordação
para o casal. é o momento de
se curtirem longe de todos,
é o enfim a sós. Por isso,
se não houver condições para
gastar com os dois, é melhor
optar por uma inesquecível
lua-de-mel.
Um bom e adequado
planejamento, não está preso
à quantidade de tempo, mas à
qualidade desse tempo.
Quanto mais e melhor
preparo, melhores e mais
duradouros casamentos, pois
"Não é bom agir sem
refletir; e o que se apressa
com seus pés erra o caminho"
(Pv 19.2) |