A economia de qualquer povo
constitui elemento
importante da sua cultura.
Encontramos, nas Sagradas
Escrituras, inúmeras
referências a operações
financeiras. Compreendê-las,
na medida do possível,
poderá, além de satisfazer
nossa curiosidade, ser útil
para a correta interpretação
de muitas passagens
bíblicas, possibilitando o
aprendizado de importantes
princípios para a
administração monetária.
Este não é um estudo
exaustivo do assunto, mas
apenas um resumo.
Antes de entrarmos no
conteúdo bíblico
propriamente dito,
gostaríamos de destacar
alguns pontos importantes na
história do dinheiro.
O dinheiro surgiu por causa
do comércio e esta é a sua
finalidade. As primeiras
transações comerciais
consistiam na simples troca
de mercadorias (escambo).
Por exemplo, alguém trazia
um cavalo ao mercado e o
trocava por duas ovelhas. De
vez em quando, esse tipo de
operação encontrava
dificuldades. Se houvesse
apenas uma ovelha, o dono do
cavalo não consideraria
justa a negociação e não
poderia dividir o animal ao
meio. Assim, surgiram as
mercadorias intermediárias
para complemento do valor ou
substituição integral. Todos
os demais produtos seriam
cotados em relação a certas
quantidades destes. Pedras
de sal foram usadas desta
forma. Daí veio a palavra
salário. Depois, as cabeças
de gado tiveram a mesma
função. Mais tarde, pedaços
de ouro e prata tornaram-se
meios de pagamento, medidos
e avaliados conforme o peso.
No século VII a.C. surgiram
as primeiras moedas
cunhadas. Há controvérsias
sobre seu local de origem:
China, Índia ou Lídia
(Turquia). As moedas traziam
em sua face a expressão do
valor em ouro ou prata que
representavam.
No ano 89 d.C., o chinês
Tsoi-Lun inventou o papel
moeda, mas sua utilização no
comércio iniciou-se apenas
no ano 812 d.C., por força
de lei. Então, se alguém
trazia seu cavalo para
vender na feira, voltava
para casa (pasmem) apenas
com um pedaço de papel.
Estamos tão acostumados a
isso, que nem observamos
quanto é estranha essa
troca. Entretanto, o governo
garantia que o mesmo papel
seria aceito para se obter
outra mercadoria qualquer. O
povo era obrigado a
acreditar. Assim nasceu o
crédito. Depois, isto se
tornaria bastante natural e
as cédulas circulariam sem
dificuldade. Então, o
dinheiro, que antes era
mercadoria palpável, ouro,
prata, foi sendo
simplificado e diminuído.
Hoje, grande parte do nosso
dinheiro é apenas um número
guardado nos computadores
dos bancos. É o dinheiro
invisível. Quando chega o
dia do pagamento, nós
sabemos que recebemos, mas
nada vemos. Em muitas
transações comerciais, o
vendedor não recebe coisa
alguma em suas mãos. O
dinheiro invisível é
transferido para sua conta
por meio de um cartão de
plástico. Se era preciso
acreditar nas cédulas de
papel, esse tipo de fé
tornou-se elemento constante
nas operações financeiras.
Depositamos dinheiro nos
bancos porque acreditamos
neles. O dinheiro atual,
além de invisível, muitas
vezes é inexistente,
fantasia apenas. É o que
acontece, em parte, com as
operações nas bolsas de
valores. Algumas vezes, o
preço das ações sobe apenas
por uma questão de otimismo
dos investidores. Então, os
números aumentam
artificialmente. Se a
produção de bens e serviços
não for suficiente para
cobri-los, trata-se de um
dinheiro que, de fato, não
existe. Por esta razão, as
bolsas caem, quebram e
causam prejuízos enormes
para aqueles que compraram o
dinheiro de mentira e
pagaram com o verdadeiro.
O dinheiro invisível,
movimentado pelo cartão de
crédito, facilita o
descontrole. Quando se têm
as cédulas em mãos, fica
mais fácil verificar as
possibilidades e os limites
financeiros. Quando não se
vê o dinheiro, gasta-se
mais.
OPERAÇÕES FINANCEIRAS NOS
TEMPOS BÍBLICOS
Os momentos históricos
citados na introdução
permitem-nos situar os
relatos bíblicos em relação
à evolução do comércio e das
finanças:
A primeira referência ao
dinheiro na bíblia ocorre na
história de Abraão (Gn.17.12),
que foi também o primeiro
personagem identificado como
rico (Gn.13.2). Sabendo que
o patriarca viveu por volta
do ano 2000 a.C.,
concluímos, sem dificuldade,
que o seu dinheiro consistia
em objetos de prata e ouro,
os quais possuía em
abundância. O pagamento
ocorria mediante o peso de
certa quantidade desses
metais apresentados pelo
comprador (Gn.23.16). Desse
tipo é, portanto, o dinheiro
mencionado na bíblia desde o
tempo dos patriarcas,
passando por José do Egito,
Moisés, os Juízes, os Reis,
até o exílio babilônico. O
surgimento das moedas
cunhadas, semelhantes às que
usamos hoje, ocorre em época
próxima ao esse cativeiro.
Na bíblia, encontramos
citação das mesmas durante o
Império seguinte, o Persa
(539 a.C – 331 a.C). As
moedas do rei Dario foram
chamadas dáricos e são
mencionadas em Esdras 2.69.
(Para melhor entendimento,
vale lembrar que, se os
livros da bíblia estivessem
em ordem cronológica, Esdras
estaria junto de Malaquias,
no final do Antigo
Testamento). Daí em diante,
até o Apocalipse, o dinheiro
envolve ouro, prata e
moedas. Estas poderiam ser
feitas também de cobre,
ferro ou da mistura de
metais. Algumas vezes, eram
feitas de algum metal barato
e banhadas em ouro.
Embora o Apocalipse tenha
sido escrito um pouco depois
da invenção do papel moeda,
este não chegou a ser
mencionado, pois ainda não
se encontrava em circulação.
Quando pensamos nas
civilizações dos tempos
bíblicos, podemos imaginar
que tenham sido muito
atrasadas, mas isto não se
aplica a todos os seus
aspectos. Quanto às
finanças, a bíblia menciona
práticas muito semelhantes
às atuais. A grande
diferença é que utilizamos
tecnologia avançada, mas os
conceitos são os mesmos.
Encontramos nas Escrituras
palavras ou idéias
correspondentes a: dinheiro
(Gn.17.12), moedas (Mt.22.19),
dízimo (Lv.27.30), oferta
(Ex.20.24), aluguel
(Ex.22.15), renda (Pv.16.8),
salário (Gn.29.15), lucro (Pv.22.16;
Ez.22.14), indenização
(Ex.21.19; 22.14);
empréstimo (Ex.22.25;
Sal.37.21; Lc.6.35;
Sal.112.5), dívida (Pv.22.7),
garantia, penhor (Ex.22.26),
pagamento (Dt.24.15), calote
(Sl.37.21), juros
(Ex.22.25), fiança (Pv.6.1;
11.15), imposto (II
Cr.24.9), taxa (II
Rs.23.35), suborno (Sl.15.5;
Mq.3.11), banco (Lc.19.23),
banqueiros (Mt.25.27),
corrupção financeira no
governo (At.24.26), pobreza
(Gn.45.11) e riqueza (Gn.31.1).
Exemplo de situação
financeira muito difícil
pode ser encontrado em
Neemias 5.3-4, quando os
pobres precisaram contrair
empréstimos para pagar os
impostos. Naquele episódio,
os juros foram de 1% (Nee.5.11),
mas não sabemos a
periodicidade.
A
ADMINISTRAÇÃO DE JOSÉ NO
EGITO
Após ter sido elevado ao
cargo de governador, José
instituiu o imposto de 20%
sobre a produção agrícola
daquele país (Gn.41.34). O
pagamento era feito em
mercadoria para que se
fizesse reserva para os anos
de escassez. Temos aí,
portanto, a idéia de
poupança (compulsória e
administrada pelo governo).
O plano econômico de José
não deve ter sido bem
recebido pela população.
Afinal, os egípcios viviam
tão bem até aquele momento e
não estavam preocupados com
a fome. Talvez nem soubessem
que ela viria e, se sabiam,
porque haveriam de
acreditar?
A sabedoria de José nos
ensina: Não gaste tudo.
Poupe uma parte. Quando
chegou a fome, José vendeu o
mantimento para os egípcios
e para outras nações (Gn.41.56).
Assim, todo o dinheiro (ouro
e prata) que existia no
Egito, bem como o gado e a
própria terra (Gn.47.15-26)
passaram a ser propriedade
do Faraó. Como continuasse
morando nos mesmos lugares
que agora pertenciam ao
governo, o povo passou a
pagar imposto sobre a terra,
ou seja, 20% da produção
agrícola após o período da
fome.
Observamos que, se 20% do
que foi produzido nos
primeiros sete anos foi
suficiente para sustentar
todo o povo e os vizinhos
durante os sete anos
seguintes, o consumo de 80%
no tempo da fartura foi algo
muito acima da necessidade
real. O que dizer então, dos
tempos anteriores quando o
consumo era de 100%? É
provável que o quadro fosse
de exagero e desperdício.
A
LEI DE MOISÉS
Quando o Senhor instituiu a
lei para Israel, muitas
operações financeiras já
aconteciam normalmente no
meio do povo. Os mandamentos
vieram para regulamentar
alguns procedimentos,
principalmente para proteger
o pobre contra os abusos dos
ricos. É bom lembrar que o
povo saiu do Egito levando
grande quantidade de ouro e
prata. Logo, muitos daqueles
ex-escravos tornaram-se
ricos da noite para o dia,
literalmente. Por isto,
foram possíveis duas coletas
com propósito religioso. A
primeira foi para se fazer,
indevidamente, o bezerro de
ouro. A segunda, por ordem
de Deus, para a construção
do tabernáculo.
A lei de Moisés trouxe
medidas avançadas para a
época, condenando a usura e
proibindo a cobrança de
juros no empréstimo entre
judeus (Ex.22.25). Moisés
também instituiu imposto (IICr.24.6)
e a manutenção dos
sacerdotes e levitas por
meio dos dízimos e ofertas
(Num.18.21). Estes eram
apresentados, geralmente, em
forma de produtos. No
deserto, os animais
constituíam a oferta mais
comum. Depois, em Canaã, os
produtos agrícolas também
eram oferecidos com
frequência, principalmente
os primeiros frutos da
terra, chamados primícias (Êx.23.19).
Entretanto, Moisés permitiu
o resgate de produtos, ou
seja, os israelitas poderiam
entregar seu valor
correspondente em dinheiro
(ouro e prata), se assim
desejassem, ficando com a
mercadoria. Nesse caso,
porém, deveriam acrescentar
20% sobre o valor original
(Lv.27.13-31).
O mais surpreendente da lei,
no aspecto financeiro, foi o
perdão das dívidas por
ocasião do Jubileu
(Lv.25.10).
DEPOIS DE MOISÉS
Assim que Israel tomou posse
da terra prometida, a
economia da nação tornou-se
muito ativa. Contudo, seus
recursos eram,
constantemente, roubados
pelos inimigos, mas isto só
acontecia por causa da
desobediência dos israelitas
ao Senhor. Esta foi a
situação mais constante na
época dos juízes. Depois, no
tempo dos reis, a nação
enriqueceu. Isto pode ser
dito, com mais propriedade,
em relação ao governo de
Salomão, quando Israel
tornou-se uma potência em
sua região. Nesse tempo,
muito dinheiro, isto é, ouro
e prata, foram destinados à
construção do templo
judaico. Depois veio a
divisão do reino e os
exílios na Assíria e na
Babilônia. Naquela ocasião,
os recursos financeiros do
povo de Deus foram,
novamente, para as mãos dos
inimigos, inclusive os
tesouros do templo.
DINHEIRO GREGO E ROMANO NO
NOVO TESTAMENTO
Os babilônicos foram
vencidos pelos medos e
persas (539 a.C.). Nessa
época, o rei Ciro, da
Pérsia, autorizou o retorno
dos judeus para Canaã.
Algumas décadas depois,
terminava o período do
Antigo Testamento (450
a.C.). Veio então, o Império
Grego (331 a.C.), sucedido
pelo Romano (63 a.C). Ambos
anexaram a Palestina aos
seus domínios. Por isso,
encontramos no Novo
Testamento, referências a
moedas gregas (dracma,
didracma, estáter) e romanas
(denário) sendo usadas em
Israel. Havia também moedas
judaicas, como o lepton.
Se não tivermos noção dos
valores representados pelas
moedas, perderemos muito do
que o texto bíblico tem a
nos transmitir.
Por exemplo, a parábola dos
talentos (Mt.25) nem sempre
é compreendida em plenitude.
Muitos que a leem pensam que
um “talento” seja uma
“habilidade” ou “dom”. Isto
está de acordo com os
conceitos atuais e com o
dicionário da língua
portuguesa. Entretanto, no
texto bíblico, o talento é
uma medida financeira.
Muitas pessoas sabem disso,
mas pensam que o talento
seja uma pequena moeda.
Assim, ficam até
compadecidas daquele servo
que recebeu apenas um
talento. Porém, o talento
representa cerca de 20 kg.
de prata. A palavra grega
traduzida por “dinheiro” em
Mt.25.27 é “argurion”, que
significa prata. Um talento
valia 6000 denários. Sabendo
que 1 denário era o
pagamento por 1 dia de
trabalho na lavoura, um
talento corresponderia a 20
anos de trabalho. Portanto,
aquele servo não recebeu
quantia insignificante. O
que dizer então dos que
receberam 2 e 5 talentos?
Compreendendo o valor
financeiro utilizado por
Jesus na parábola, temos uma
percepção mais clara do que
ele queria ensinar em
relação ao investimento que
Deus faz nos seus servos.
Depois de compreendermos
isso, poderemos comparar o
talento a tudo o que Deus
nos deu.
A mesma compreensão deve ser
levada para a parábola do
credor incompassivo (Mt.18.23-35).
Um servo devia ao rei a
quantia de 10.000 talentos
e, não tendo como pagar, foi
perdoado. Saindo do palácio,
encontrou seu conservo que
lhe devia 100 denários.
Usando de severidade para
com ele, lançou-lhe na
prisão. É clara a lição
sobre o perdão. Contudo,
ficará melhor se tivermos
idéia dos valores
envolvidos. O servo devia
10.000 talentos, que
correspondem a 60 milhões de
denários, ou seja, pagamento
referente a 200 mil anos de
trabalho. Era uma dívida
absurda e impagável. Assim
era nossa dívida de pecado
perante Deus. A dívida do
outro servo era de apenas
100 denários, cerca de 3
meses e meio de trabalho.
Uma dívida tão
insignificante não foi
perdoada por aquele servo
que havia sido tratado com
tamanha generosidade pelo
rei.
Em outra parábola, Jesus
falou a respeito de um homem
que entregou suas minas aos
seus servos (Lc.19.13). Não
devemos pensar que ele
estivesse falando de
escavações para retirada de
metais preciosos. De forma
alguma. A “mina” era uma
medida financeira também,
correspondente a 100
denários.
Finalmente, é importante
lembrar o preço da traição.
Judas Iscariotes recebeu 30
moedas de prata para
entregar o Mestre. Este era
o preço de um escravo no
mercado. Portanto,
percebemos o quanto Jesus
foi humilhado. Mesmo sendo o
Senhor, foi vendido pelo
preço de um servo.
O lepton era moeda judaica
de pouquíssimo valor, a
menor em circulação naquela
época. Cada uma pesava menos
de 1 grama de cobre e valia
20% de um denário. Duas
delas foram ofertadas pela
viúva no templo (Mc.12.42).
INSTRUÇÃO BÍBLICA OBJETIVA
SOBRE FINANÇAS
Muitas operações financeiras
citadas na bíblia não
parecem ser o foco de seus
escritores. Existem, porém,
aquelas passagens que nos
trazem ensinamentos claros
sobre essa importante área
da vida humana. A bíblia nos
ensina sobre direitos,
deveres e cuidados
relacionados ao dinheiro.
Algumas vezes, extraímos
princípios por dedução.
Outras vezes, encontramos
ensinamentos diretos sobre o
assunto.
A bíblia nos ensina sobre o
direito à propriedade,
inclusive em relação ao
dinheiro, pois não devemos
cobiçar coisa alguma do
próximo (Êx.20.17). Pobreza
e riqueza são condições
humanas secundárias na
escala de valores bíblicos.
Você pode ser rico ou pobre.
Deus enriquece e empobrece a
quem ele quer (ISm.2.7), mas
o indivíduo pode tomar suas
próprias providências num
sentido ou em outro. Deus dá
riqueza (Ec.5.19) e o diabo
também pode fazê-lo (Mt.4.9).
A cautela sobre os gastos
pode ser observada em
Lucas.14.28. Jesus disse que
aquele que vai construir
deve calcular a despesa
antes de começar a obra .
Isaías nos adverte quanto ao
gasto sem sabedoria. “Por
quê gastais o vosso dinheiro
naquilo que não é pão”?
(Is.55.2).
A parábola dos talentos nos
instrui a fazer negócios e
investimentos (Mt.25.14-30).
A palavra do Senhor não
proíbe que tomemos
empréstimos, mas insiste que
sejamos fiéis no pagamento
das dívidas (Rm.13.8).
Também somos instruídos a
pagar os impostos, mesmo que
os governos sejam injustos,
como era o caso dos romanos
(Rm.13.8). “Dai a César o
que é de César e a Deus o
que é de Deus” (Mc.12.17).
CUIDADO COM A AVAREZA
A bíblia não nos apresenta
um conjunto de instruções
para o enriquecimento.
Podemos enriquecer, mas este
não é um propósito colocado
pela palavra de Deus para
nós, como se fosse um alvo
em nossas vidas. Por outro
lado, encontramos nas
Escrituras sérias
advertências contra a
ganância financeira.
Muitos tomam Abraão como
modelo, querendo ser ricos
como ele, mas essas mesmas
pessoas (sendo homens) não
querem ser circuncidados
como ele foi. A riqueza e a
circuncisão de Abraão não
são padrões para nós.
Muitos querem riqueza, mas
fazer a oração de Agur
ninguém quer:
“Duas coisas te peço; não
mas negues, antes que morra:
Alonga de mim a falsidade e
a mentira; não me dês nem a
pobreza nem a riqueza: dá-me
só o pão que me é
necessário; para que eu de
farto não te negue, e diga:
Quem é o Senhor? ou,
empobrecendo, não venha a
furtar, e profane o nome de
Deus.” (Pv.30.7-9).
De fato, a experiência de
Agur é dele, assim como a
riqueza de Abraão não é,
necessariamente, nosso
modelo. O que precisamos é
saber o propósito específico
de Deus para cada um de nós,
e não querer copiar
personagens bíblicos ao
nosso bel-prazer.
Israel recebeu, no Antigo
Testamento, promessas com
ênfase material e o
resultado disso pode ser
visto ainda hoje naquela
nação. A igreja, porém, tem
uma ênfase espiritual. O
Novo Testamento enfatiza as
riquezas espirituais,
tesouros no céu e não na
terra (Mt.19.21; Mt.6.19-21).
O reino de Israel é deste
mundo, mas a igreja não.
O dinheiro é importante e
necessário, mas, quando
perdemos o controle sobre
ele, seja na escassez ou na
abundância, podemos ter
grandes problemas. É o que
acontece com o fogo em
nossas casas. Precisamos
dele, mas sua utilidade só
existe enquanto estiver
controlado.
O mundo é movido a dinheiro,
mas o servo de Deus não pode
ser. Precisamos ser movidos
pela fé e pelo amor. O
dinheiro torna-se então um
instrumento apenas. Na
parábola do semeador, Jesus
disse que uma parte da
semente caiu entre os
espinhos, que cresceram e
sufocaram-na (Mt.13.22).
Este é o caso daqueles que
foram seduzidos pelas
riquezas. O resultado foi a
perdição para suas almas,
pois a semente da palavra de
Deus não frutificou em suas
vidas. De fato, Cristo
ensinou que dificilmente
entrará um rico no reino dos
céus, pois a avareza é
idolatria (Mt.19.23;
Col.3.5). Nem todo rico é
avarento, assim como nem
todo político é corrupto,
mas as evidências são
desanimadoras.
A riqueza não é proibida
para o cristão, mas trata-se
de um terreno minado. Paulo
disse a Timóteo:
“Porque nada trouxemos para
este mundo, e nada podemos
daqui levar; tendo, porém,
alimento e vestuário,
estejamos com isso
contentes. Mas os que querem
tornar-se ricos caem em
tentação e em laço, e em
muitas concupiscências
loucas e nocivas, as quais
submergem os homens na ruína
e na perdição. Porque o amor
ao dinheiro é raiz de todos
os males; e nessa cobiça
alguns se desviaram da fé, e
se traspassaram a si mesmos
com muitas dores. Mas tu, ó
homem de Deus, foge destas
coisas, e segue a justiça, a
piedade, a fé, o amor, a
constância, a mansidão” (ITm.6.7-11).
O Senhor haverá de suprir
todas as nossas
necessidades, e haveremos de
louvá-lo por isso. Se ele
nos der mais (ou muito mais
do que isso), ficaremos
gratos também, mas o cristão
deve estar disposto a servir
a Deus e adorá-lo, mesmo no
tempo da escassez, conforme
Habacuque nos ensinou
(Hab.3.17-18).
Quando o valor do dinheiro é
colocado acima do valor
humano, o fruto dessa
distorção será inveja,
inimizade, contenda, ódio e
morte. Para evitar o
pagamento de uma pensão
alimentícia, há quem recorra
ao aborto e ao homicídio. O
interesse financeiro é
também um importante
ingrediente na explosão das
guerras.
O cristão não pode amar o
dinheiro (Ec.5.10; 7.12;
10.19). “Não podeis servir a
Deus e a Mamom” (Mt.6.24).
Por esta causa, o jovem rico
deu as costas a Jesus e foi
embora (Mt.19.22). O que
deveria ser um simples
recurso material tornou-se
um deus, um ídolo.
Se você tem algum dinheiro,
domine-o. Não seja dominado
por ele. Usufrua com
sabedoria. Não ajunte
tesouros na terra (Mt.6.19-21).
Este é o ensinamento do
nosso Senhor Jesus Cristo.
COMBATA A AVAREZA COM A
GENEROSIDADE.
Jesus e os apóstolos nunca
foram ricos materialmente,
mas, nas igrejas do Novo
Testamento, havia,
eventualmente, algumas
pessoas com situação
financeira abastada. Paulo
advertiu que os cristãos
ricos não deveriam colocar
sua confiança nas riquezas,
pois elas poderiam acabar,
mas deveriam confiar no
Senhor (ITm.6.17; Sl.62.10).
Dinheiro é necessário e
importante, mas não é o
principal em nossas vidas.
Ele pode estar no bolso, mas
nunca no coração. O antídoto
contra a avareza é a
generosidade. Contribua com
a obra de Deus e com os
necessitados. Não podemos
fazer uma coisa e esquecer a
outra.
NÃO
COLOQUE O CRISTIANISMO A
SERVIÇO DO MATERIALISMO.
Na época do ministério
terreno de Jesus, alguns já
queriam colocá-lo a serviço
da cobiça humana, mas ele
não aceitou a incumbência (Lc.12.13-34).
Não podemos usar a bíblia, o
ministério e a vida cristã
como fonte de lucro material
(ITm.6.5). O obreiro é digno
do seu salário, mas o
evangelho não tem o
propósito de enriquecer
ninguém. Ser pobre não é
pecado.
Não podemos vender a bênção
de Deus, como Balaão (Jd.11)
(embora ele quisesse vender
maldição). Por esta causa,
seu ministério profético
acabou.
Também não podemos comprar a
bênção, como queria Elimas,
o mágico. A esse respeito,
disse-lhe Pedro: “Seja teu
dinheiro contigo para a
perdição, pois cuidaste
adquirir com dinheiro o dom
de Deus” (At.8.20). Ofertas
não compram a bênção. Tentar
fazê-lo é profanação e
ofensa. Deus não faz
comércio com seus filhos.
Devemos ofertar para agradar
a Deus, deixando que ele nos
abençoe como quiser e quando
quiser. A contribuição
motivada por interesse é
demonstração de egoísmo
disfarçado de
espiritualidade.
Não podemos abrir mão de
valores espirituais em troca
de dinheiro, como fez Judas
Iscariotes que, por 30
moedas de prata, vendeu o
Senhor Jesus.
Se algum servo de Deus ainda
quiser ser rico, pode
trabalhar por isso e, se
Deus permitir, poderá
alcançar seu objetivo. Ser
rico não é pecado. O que não
podemos é colocar a riqueza
como efeito necessário do
evangelho na vida dos
convertidos. Isto é heresia.
O servo de Deus precisa
estar disposto a perder tudo
por Jesus, se for preciso,
inclusive a própria vida.
Os apóstolos foram homens
prósperos, pois o seu
trabalho foi bem sucedido. O
evangelho que anunciaram
alcançou os confins da
terra, chegando até nós.
Eles não possuíam grandes
quantias em dinheiro. Não
tinham ouro nem prata,
conforme disse Pedro ao
aleijado, mas eram
revestidos do poder de Deus
(At.3.6). A verdadeira
prosperidade foi a marca de
suas vidas.
PARALELO ENTRE AS FINANÇAS E
A ESPIRITUALIDADE.
A bíblia utiliza questões
econômicas como figura da
realidade espiritual. Ofensa
e dívida são quase
sinônimos. “Perdoa as nossas
dívidas (ofensas) assim como
nós perdoamos aos nossos
devedores (a quem nos tem
ofendido)” (Mt.6). O pecado
é a grande dívida do homem
perante Deus. Jesus assumiu
o papel de nosso fiador
diante do Pai (Heb.7.22).
Como nós não tínhamos como
pagar a dívida, ele pagou
com o seu sangue e nós fomos
perdoados.
SENHORIO E MORDOMIA
Precisamos estar conscientes
de que toda prata e todo
ouro pertencem a Deus (Ag.2.8).
Os “donos” de grandes
fortunas morrem, deixando
aqui a prata e o ouro. Da
mesma forma, o dinheiro que,
teoricamente possuímos,
pertence ao Senhor. Somos
mordomos e devemos prestar
contas. Afinal, nós mesmos
lhe pertencemos.
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