CAPÍTULO 2 – REESCREVENDO O
ROTEIRO DE SUA VIDA.
A dor do nosso passado que
não é resolvida é dor que
estamos condenados a
repetir. Terry Kellogg
Eu sou o Senhor [...] que
visito a iniqüidade dos pais
nos filhos até à terceira e
quarta geração. Êxodo 20:5
Em muitos aspectos, o
cérebro humano é um aterro
sanitário sofisticado.
Composto de mais de 12
bilhões de células nervosas,
com a habilidade analítica
de uma sala cheia de
computadores ultramodernos,
o cérebro recebe e armazena
todo tipo de informação
lançada em seu caminho,
tratando a verdade, o lixo e
o entretenimento do mesmo
jeito.
Os pesquisadores nos dizem,
por exemplo, que um adulto
comum, nos EUA, é
bombardeado por 560
mensagens de propaganda por
dia, e o cérebro da pessoa
armazena 76 delas. Isso dá
um total de mais de 500
slogans, sons e músicas
armazenadas a cada semana.
Além disso, o adulto comum
absorve outras 20 mil a 30
mil palavras por dia de
jornais, revistas, livros e
da televisão. Essa montanha
de bits de informação molda
a maneira como vemos a vida.
Entretanto, as milhares de
horas de mensagens que
recebemos quando estávamos
passando pela infância em
casa exercem uma influência
muito maior sobre nós.
Alguns especialistas
acreditam que mais de 25 mil
horas dessas mensagens
maternais estão armazenadas
na mente do adulto médio.
Juntas, essas mensagens
formam o “roteiro da vida”
que carregamos da infância
para a vida adulta.
O roteiro da vida afeta
todos os aspectos de nosso
viver: a maneira como vemos
a nós mesmos, o parceiro de
casamento que escolhemos, o
nosso estilo de trabalho,
etc... Como homens adultos,
um passo importante para
conformar-se à imagem de
Cristo acontece quando
assumimos a responsabilidade
de reescrever o roteiro da
nossa vida.
Todos nós fomos
influenciados pelos roteiros
que nos foram entregues por
nossos pais, seja para o
bem, seja para o mal. Esses
roteiros estão armazenados
nesse órgão chamado cérebro,
como um armazém cheio de
lembranças
As Escrituras ensinam que o
pecado alcança várias
gerações em seu impacto. A
passagem de Êxodo 20:5 diz
que o pecado de nossos pais
nos afeta como filhos “até a
terceira e quarta geração”.
Todos nós temos um arbítrio
e, quando exercemos esse
arbítrio para cometer pecado
ou para levar adiante nossos
comportamentos destrutivos,
somos plenamente
responsáveis por nossas
ações. Contudo, parte de se
viver num planeta decaído,
mesmo para os mais
afortunados entre nós, é ter
pais imperfeitos. Muitos de
nós carregam uma mala cheia
de comportamentos e atitudes
do lar, da nossa infância
para a nossa vida adulta.
A Bíblia oferece muitos
exemplos de como uma geração
estabelece os padrões de
vida não saudáveis a outra.
Muito embora o rei Davi
tenha se arrependido de seu
adultério com Bate-Seba, seu
comportamento sexual
reprovável lançou uma sombra
sobre a geração que o
seguiu. Seu filho Amnon
cometeu estupro e seu outro
filho, Salomão, colecionou
mais de mil mulheres e
concubinas estrangeiras, o
que minou sua caminhada com
Deus. Os dois filhos
terminaram sendo derrubados
pela obsessão pelo sexo.
O lado sombrio do patriarca
Jacó – mentiroso e enganador
– foi modelado por seus
antepassados. Quando seu avô
Abraão temeu que o rei
Abimeleque pudesse matá-lo
para ficar com ela. Ele
mentiu. Disse a Abimeleque
que Sara era sua irmã. Deus
interveio em um sonho e
Abimele que desistiu antes
que qualquer dano fosse
realizado, mas o triste
legado permaneceu: Abraão
mentira e abandonara sua
esposa para salvar sua
própria pele.
Uma geração depois, num
cenário igual, Isaque, filho
de Abraão, cometeu
praticamente a mesma
transgressão. Isaque foi com
Rebeca para Gerar. Ele
também teve medo de que os
homens o matassem para ficar
com sua esposa. Assim, tirou
a poeira da mesma velha
mentira que seu pai usara e
disse aos homens de Gerar
que Rebeca era sua irmã.
Outra geração mais tarde,
Jacó, o enganador, nasceu e
começou seguindo o roteiro
de vida bem conhecido. A
triste realidade é que a
maioria de nós jura que,
quando chegar à vida adulta,
não imitará nenhuma
qualidade negativa dos pais,
mas normalmente é o oposto
que acontece.
Alguns homens não gostam de
identificar padrões
negativos em suas famílias.
Para alguns, esse
desconforto vem da
necessidade de idealizar
seus pais e avós. Eles temem
que o fato de admitir a
imperfeição dos pais os
desonram.
O arrependimento bíblico
envolve contar a verdade
sobre nossas fraquezas, o
que inevitavelmente inclui
dizer a verdade sobre nosso
passado. No Antigo
Testamento, quando o
sacerdote Esdras liderou os
filhos de Israel por meio de
um processo de
arrependimento nacional em
conexão com seu retorno do
exílio na Babilônia a
Israel, ele os fez confessar
não apenas seus próprios
pecados, mas também “a
maldade dos seus
antepassados”.
Isso lembra a resposta de
arrependimento de Isaías que
se seguiu à impressionante
visão que ele teve da
santidade de Deus. “Ai de
mim! Estou perdido! Pois sou
um homem de lábios impuros e
vivo no meio de um povo de
impuros lábios”. É
simplesmente impossível
falar de uma maneira
adequada sobre nosso próprio
comportamento sem reconhecer
o contexto social e familiar
no qual aprendemos esse
comportamento. Muitos dos
hábitos e atitudes que nos
dão mais trabalho possuem
gerações de impulso e modelo
por trás deles.
Quando Deus nos deu o
mandamento para honrar
nossos pais não estava nos
dizendo para que mentíssemos
em relação a eles, nem que
fingíssemos que eles não
tinham falhas. Honrar nossos
pais envolve representá-los
de maneira justa,
apresentando uma visão
equilibrada que inclui tanto
os traços bons quanto os
ruins.
Por outro lado, se
desonramos nossos pais
quando os difamamos ou
falamos deles com malícia e
sentimos amargura em relação
a eles, é fácil falar de
maneira a desonrá-los. Mas,
se os perdoarmos e fizermos
as pazes com quem eles são,
podemos dizer a verdade sem
desonrá-los.
O arrependimento começa
quando vemos nosso pecado
claramente e, então,
assumimos a responsabilidade
por ele. Em sua carta, Tiago
usa a imagem de um espelho
para explicar como evitamos
a mudança de caráter.
“Aquele
que ouve a palavra, mas não
a põe em prática, é
semelhante a um homem que
olha a sua face num espelho,
e depois de olhar para si
mesmo, sai e logo esquece a
sua aparência”. Tiago
1:23,24
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