O sociólogo Max Weber fez
uma distinção entre
autoridade e poder. Deixando
de lado a linguagem técnica
de Max Weber, diríamos que
poder é a faculdade de
forçar as pessoas a fazerem
o que o líder quer. Poder
está mais relacionado à
chefia do que à liderança.
Já autoridade é a condição
de influenciar e levar as
pessoas a fazerem de boa
vontade o que o líder
compartilha, como sonhos e
objetivos. Neste caso, os
liderados atingem objetivos
comuns com alegria.
Diante disto, até as
empresas estão percebendo
que, mais do que chefes,
elas necessitam de líderes.
Para influenciar, o líder
precisa de autoridade. E é o
serviço que legitima a
autoridade que exercemos e,
conseqüentemente, a boa
influência. Em Romanos 13,
Paulo diz que a autoridade
existe para servir a Deus e
servir as pessoas – o
ministro é servo e a
autoridade só é legítima
quando ela serve. Assim,
Deus age através de nós
quando servimos as pessoas.
Autoridade é dada para o
serviço
Foi assim com Jesus. Depois
que Jesus foi batizado, como
de costume, ele entrou na
sinagoga, e fez a leitura de
Isaías 61: “O Espírito do
Soberano, o Senhor está
sobre mim, porque o Senhor
ungiu-me para levar boas
notícias aos pobres.
Enviou-me para cuidar dos
que estão com o coração
quebrantado, anunciar
liberdade aos cativos...”
Depois, devolveu o livro ao
assistente e disse: “Hoje se
cumpriu esta Escritura”.
Em Atos 10:38, quando Pedro
fala na casa de Cornélio,
ele diz que “Deus ungiu a
Jesus de Nazaré com o
Espírito Santo e poder, e
que ele andou por toda parte
fazendo o bem e curando
todos os oprimidos pelo
Diabo, porque Deus estava
com ele”. Para Jesus cumprir
sua missão, Ele foi ungido
com o Espírito Santo e
recebeu poder e autoridade
para servir.
Todo serviço de Jesus foi
obediência ao programa
estabelecido pelo Pai. A
autoridade do Pai se
manifestou na obediência do
Filho. O filho honra o pai
quando o obedece voluntária
e espontaneamente. Jesus
mostrou a glória do Pai no
mundo pela obediência
completa aos seus
propósitos.
A autoridade de Jesus,
conferida pelo Pai, era para
servir. A autoridade que não
serve não tem legitimidade.
Foi por isso que num
determinado momento, quando
os apóstolos foram proibidos
de pregar o Evangelho, eles
disseram: importa obedecer a
Deus que aos homens. Quando
Martin Luter King
desobedecia às leis de
segregação racial nos
Estados Unidos, por exemplo,
ele sabia o que ele estava
fazendo. Prendiam Luter
King, colocavam-no na cadeia
e ele não ficava amargurado,
pois fazia isso
conscientemente, porque as
leis de seu país não serviam
o ser humano e sim,
prejudicavam o ser humano.
Em Isaías, capítulo 5,
lemos: ai daqueles que
decretam leis injustas!
Portanto, a legitimidade da
autoridade está no serviço
que presta.
Atos, capítulo 1, diz que
depois da ressurreição,
Jesus apresentou-se aos
apóstolos, e com muitas
infalíveis provas discorria
sobre o Reino de Deus,
determinando que aguardassem
a promessa do Pai, que está
em Lucas 24:49 – “Permanecei
em Jerusalém até que do alto
sejais revestidos de poder”.
Depois disto, os apóstolos,
entusiasmados com o Reino,
talvez mais uma vez pensando
na possibilidade de um se
assentar à direita, outro à
esquerda de Jesus, falaram:
“Senhor, este é o tempo em
que vais restaurar o templo
a Israel”? Jesus então foi
claro: “Não vos compete
saber épocas ou estações,
que o Pai reservou para sua
exclusiva autoridade, mas
recebereis poder ao descer
sobre vós o Espírito Santo,
e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria e
até aos confins da terra”.
Portanto, o poder do
Espírito Santo que é
derramado sobre a Igreja,
sobre os cristãos é para
servir. Não é para que os
líderes se sirvam deste
poder em benefício próprio.
É para que sirvam a causa de
Deus. E, quando não é assim,
a autoridade não é legítima.
O
exemplo extraordinário de
Jesus
O texto de João 13, que
relata a instituição da
Ceia, diz que Jesus sabia
que o Pai havia colocado
tudo em suas mãos, isto é, o
Pai havia dado a ele toda a
autoridade. Tendo tudo em
suas mãos, poderíamos pensar
que depois disso Jesus faria
coisas extraordinárias para
chamar a atenção de todo
mundo, mas o que Ele fez
logo a seguir foi
levantar-se da mesa e
colocar-se a lavar os pés
dos discípulos, até mesmo do
traidor, como bem conhecemos
a passagem.
Esta atitude de Jesus, além
de demonstrar sua total
obediência ao Pai, e
manifestar a glória e
autoridade do Pai no mundo,
mostrou de fato que o Pai
“tudo confiara às suas
mãos”. Quando temos toda
autoridade em nossas mãos,
nossa tendência é fazer
grandes coisas para
“despertar o povo”, para
realizar sinais, prodígios e
maravilhas para que muitos
nos sigam e corram atrás de
nós! Mas não foi isso que
Jesus fez. Nessa hora, ele
foi lavar os pés dos
discípulos. E com isso,
nosso Mestre nos ensina uma
lição profunda: o serviço
legitima autoridade. Ele
mostrou aos discípulos que
os pagãos, os políticos é
que agem achando que são
dominadores daqueles que
lhes foram confiados e
mandam neles. Porém, entre
os discípulos não deveria
ser assim, ou eles não
seriam seus discípulos, pois
Ele mesmo não o fez.
Se a finalidade do serviço
não é cumprida, a autoridade
pode ser retirada. Saul foi
um moço que começou tão bem
sua liderança, mas terminou
mal. Foi desobediente e, ao
invés de servir e fazer
exatamente o que Deus o
mandava fazer, ele começou a
se achar tão importante a
ponto de fazer as coisas de
seu próprio jeito. A unção é
dada para servir, se isso
não acontece, retira-se a
unção. Apesar de ter sido
ungido por Samuel, Deus o
rejeitou e levantou o
profeta para que ungisse
outro rei. Saul foi
substituído por Davi.
Outro exemplo é o de Judas.
Ele fez parte do colégio
apostólico, estava entre os
doze que receberam
autoridade para pregar, para
curar doentes, para expulsar
demônios. No entanto, Judas,
ao invés de usar a
autoridade para servir,
começou a usar autoridade
para se servir. Então, Judas
foi substituído por Mathias.
Líderes que usam autoridade
para servir têm sucessores.
Eles vão até o fim e passam
o cajado. Líderes que se
servem da autoridade para
benefício pessoal são
substituídos. Pois é o
serviço que legitima a
autoridade. Essa autoridade
tem origem em Deus e o
objetivo da autoridade é
servir.
Na Bíblia não está escrito
“uma vez pastor, sempre
pastor”. Se não serve,
desqualifica-se.
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