Imagine-se trabalhando para
a Receita Federal. Tem
procurado ser um funcionário
correto e diligente.
Recentemente encontrou com
um amigo dos tempos de
escola que lhe convidou para
ir ao culto na Igreja “Sendo
Sal e Luz”. Ainda que a
princípio um pouco
resistente, pelo fato de
guardar ótimas lembranças
deste colega, aceitou o
convite. Achou o louvor
animado, as pessoas
amorosas, a pregação
contextualizada e decidiu ir
sempre que possível. Algum
tempo depois, você e um
colega de trabalho recebem
uma pasta com o nome desta
igreja. Seu colega lhe
aborda perguntando se não é
a igreja sobre a qual
comentou e que inclusive o
havia convidado para um
culto. Dentro da pasta há
uma série de multas
pendentes referentes a 5
anos de Declaração de
Imposto de Renda não
entregue.
Esta pequena estória
contextualiza o título deste
artigo e traz à luz não
somente fatos relacionados
ao dia-a-dia de nossas
igrejas, mas também, e
principalmente, os impactos
ocasionados por estes fatos,
ou seja, os efeitos do
testemunho da organização.
Como se sentiu o funcionário
da Receita Federal que recém
estava freqüentando a Igreja
“Sendo Sal e Luz”? Que
imagem ficou para o colega
que havia sido convidado
para ir ao culto? Que
impacto este mau testemunho
causará nas vidas destes
dois homens? A imagem da
igreja foi afetada?
A importância de dar um bom
testemunho não é assunto
novo. Líderes e pastores
estão constantemente
exortando e sendo exortados
para a importância do bom
testemunho. Devemos ser sal.
Devemos ser luz. Qualquer
pessoa com um pouco de tempo
de igreja vai ouvir que não
basta “falar”. É necessário
“ser”.
Por bom testemunho
entende-se o comportamento
que temos no lar, na escola,
no trabalho, na rua, diante
dos amigos, enfim, nas
situações do cotidiano.
Dependendo de como
testemunhamos, o efeito
sobre as pessoas ao redor
será positivo ou negativo.
Assim como o nosso
testemunho pessoal não está
limitado pelo tempo que
estamos dentro da igreja, o
testemunho de uma igreja
também não está limitado
pelo tempo dedicado para
pregação, aconselhamento,
ministrações, visitação ou
reuniões de liderança.
Um pastor por quem tenho
grande apreço me disse certa
vez que não importa onde nem
o quê estejamos fazendo, há
sempre alguém nos
observando. Poderíamos
aplicar isso para a igreja
enquanto organização. Há
sempre alguém observando o
nosso comportamento
organizacional. As ações
observadas, sejam elas de
grandes proporções como as
que a mídia tem divulgado ou
aquelas “pequenas
transgressões do dia-a-dia”,
podem gerar um efeito
positivo ou um efeito
negativo. Depende de nós.
Talvez você já esteja por
desistir de ler este texto
porque não se identifica com
a situação inicial. Talvez
até se ache bem distante dos
escândalos evangélicos
expostos na TV e sinta bem
aliviado por não ser pedra
de tropeço para outros.
Pois bem, poderíamos seguir
pelo artigo inteiro dando
exemplos de situações
semelhantes, algumas mais
impactantes, outras menos,
mas todas ocasionando um
efeito negativo na imagem da
igreja. Poderíamos
exemplificar com situações
na área de legislação: horas
extras não pagas, FGTS não
recolhido, funcionários não
registrados, igrejas sem
alvará, problemas com
poluição sonora, obrigações
legais não cumpridas. Outros
exemplos seriam menos
“legais” mas igualmente
preocupantes: mau
atendimento por telefone,
informações desencontradas
sobre as atividades da
igreja, más condições de
trabalho, ausência de
prestação de contas,
instalações sem manutenção,
falta de zelo com os bens e
equipamentos da igreja.
Antes que você comece a
imaginar uma dezena de
justificativas para
“responder” aos exemplos
acima eu lhe convido a
meditar em II Coríntios 8:21
que diz “Pois zelamos do que
é honesto, não só diante do
Senhor, mas também diante
dos homens”. Este texto
dispensa comentários.
Portanto, não negligencie o
testemunho de sua igreja
enquanto organização.
Nenhuma igreja está acima
das devidas obrigações
“diante dos homens”. Nenhuma
igreja deve se eximir de dar
bom testemunho para os de
dentro e também para os de
fora. Lembrando que os que
“estão fora” terão muito
menos compaixão dos nossos
atos de mau testemunho.
Assim, teremos não somente
bons cultos mas também
deveres cumpridos. Não
somente aconselhamentos
abençoadores mas também
funcionários registrados e
pagos devidamente. Não
somente um bom programa de
visitação mas também
finanças em ordem, livre de
dívidas e com prestação de
contas. Não somente
pregações relevantes mas
também zelo com as
informações e as instalações
da igreja. Não somente
honestidade diante do Senhor
mas também diante dos
homens. Onde quer que a
igreja estiver envolvida e
representada, ali a glória
de Deus deverá estar também.
E antes que me esqueça: Sim,
as igrejas são isentas do
recolhimento do Imposto de
Renda mas não da entrega da
Declaração Anual.
|