"Imaginemos um marginal que
agride física e sexualmente
uma mulher e depois a mata.
Você acha que existe
salvação para uma pessoa de
sentimentos tão endurecidos?
Você conhece alguém que já
desceu tão baixo na vida que
as possibilidades de
recuperação são
completamente remotas? Quer
saber o que diz a Bíblia a
respeito?
No livro de São João lemos o
seguinte: "Deixou a Judéia,
e foi outra vez para a
Galiléia. E era-lhe
necessário passar por
Samaria" (João 4:3 e 4).
A Judéia ficava ao sul, a
Galiléia na parte norte, e
entre ambas estava
localizada Samaria. Qualquer
pessoa que quisesse fazer
esse trajeto deveria ir em
linha reta.
Os judeus tinham uma atitude
estranha. Desviavam-se para
o lado oeste, atravessavam o
rio Jordão e subiam pelo
deserto. Quando percebiam
que já tinham passado
Samaria, saiam do deserto e
entravam na Galiléia. Com
isso, andavam vários
quilômetros a mais.
Por que faziam isso? Por que
gastavam tanto tempo e
energia andando pelo
deserto?
A razão era simples: não
queriam passar pela terra
maldita dos samaritanos. Na
opinião deles, o povo de
Samaria não era digno da
salvação. Numa ocasião um
discípulo sugeriu que seria
bom que caísse fogo do céu e
consumisse aquela gente.
Na opinião dos judeus, os
samaritanos eram pessoas que
tinham brincado demais com
as oportunidades divinas,
tinham endurecido tanto o
coração que para eles já não
restava esperança de
salvação.
Mas o texto diz que era
necessário que Jesus fosse à
Samaria, porque para Ele não
existe gente sem esperança,
para Ele não existe caso
perdido.
Nós, os seres humanos,
perdemos as esperanças
facilmente. Com freqüência,
sou procurado por pais
aflitos expressando a
tragédia de seus filhos:
- Pastor, já fiz de tudo
para ajudar meu filho. São
anos de escravidão nas
garras do vício. A droga tem
acabado com todos os seus
sonhos, ideais e valores.
Acho que para ele já não há
mais solução.
Existem esposas que perderam
a alegria da vida porque o
esposo tem sido infiel aos
votos matrimoniais. De nada
adianta as promessas e
decisões que o marido toma.
Na opinião da esposa, já não
existe mais esperança de
recuperação para esse homem.
Devemos ser cuidadosos ao
rotular as pessoas pensando
que não existe saída para
elas, porque para Jesus não
existe um caso perdido. Por
isso, era necessário que Ele
fosse para Samaria.
Naquela região,
especificamente na cidade de
Siquém, vivia uma mulher,
que na opinião dos
samaritanos, não tinha mais
recuperação. Jesus a
conhecia muito bem; Jesus
conhecia o vazio do coração
daquela mulher. Tinha ouvido
seu clamor silencioso nas
noites intermináveis de
insônia que vivia
atormentada pelo peso da
culpa. Por isso era-lhe
necessário passar por
Samaria. Jesus nunca
permanece indiferente diante
das necessidades do ser
humano.
O mundo cristão conhece a
mulher samaritana como a
pecadora que andava roubando
o marido de todas as
mulheres da cidade. Mas
poucos se detiveram a pensar
nas raízes do problema
daquela mulher.
Ela não tinha nascido
adúltera. Era uma mulher
sonhadora que desde jovem
experimentara o vazio do
coração humano. Era uma
mulher sincera a procura de
um sentido para a vida.
Andou por muitos caminhos,
alguns deles escabrosos, a
procura de algo concreto,
mas tudo o que achava,
depois de tanto esforço,
durava pouco tempo.
Casara-se muito jovem
pensando que o casamento
preencheria aquela sensação
horrível de vazio que doía
dentro do coração, mas o
casamento não durou muito.
Outra pessoa em seu lugar
abandonaria esse caminho.
Ela não. Ela não se dava por
vencida facilmente.
Tentou de novo outros
casamentos. Também não deram
certo. A história bíblica
diz que ela tentou 5 vezes,
mas o fim de todas essas
tentativas foi o fracasso. A
samaritana continuava sendo
uma mulher vazia. Os minutos
de alegria lhe escapavam
como areia por entre os
dedos.
O fato de passar de mão em
mão pelos homens da cidade,
era o grito desesperado de
seu coração procurando um
sentido para a sua
existência.
Pensemos um pouco na
situação desta mulher. Todos
os dias ela acordava, corria
ao banheiro procurando água
e encontrava o cântaro
vazio, apesar de tê-lo
enchido no dia anterior.
Então pegava o cântaro vazio
e dirigia-se ao poço de Jacó
para buscar mais água. Essa
água só lhe duraria 24
horas. No dia seguinte ela
teria que retornar ao poço.
Essa rotina era massacrante
em sua vida: sempre
procurando alguma coisa e o
que achava durava pouco
tempo. Não era uma simples
leviandade que a levara a
ter a fama de adúltera
inveterada.
Amigo querido, é perigoso
julgar as pessoas
simplesmente pelos seus
atos. Você pode ver um
bêbado jogado na sarjeta e
pensar que é um pobre homem
sem força de vontade, mas
não se apresse a condená-lo.
Você não conhece os motivos
que o levaram a essa
situação.
- Como? - você diz, - a
Bíblia não ensina que as
pessoas são conhecidas pelos
seus frutos?
É verdade, mas é verdade
também que precisamos
entendê-las pelas raízes.
O que leva um jovem a usar
drogas? Sem dúvida nenhuma,
a droga é uma fuga, e quando
a pessoa fica viciada é
fácil cair no crime para
sustentar o vício. Mas qual
foi o início de tudo isso? O
que essa pessoa buscava nas
sensações alucinantes dos
efeitos passageiros da
droga?
Você já foi traído alguma
vez? Não condene o amigo que
o traiu. Tente entendê-lo. O
que o levou à traição? Que
complexos esconde esse pobre
homem por trás de sua
atitude covarde?
Todos temos uma herança
genética, cultural, social e
familiar que de alguma forma
influi em nossos atos. Todos
temos motivações
inconscientes que nos
assustariam se as
entendêssemos completamente.
Então, por favor, sejamos
misericordiosos com a
samaritana. Vamos tentar
compreendê-la antes de
condená-la.
Naquele dia, a samaritana
saiu de casa com o cântaro
nos ombros para cumprir a
rotina da sua vida. Mas
aquele dia seria diferente;
Jesus seria a diferença. Ele
sempre é a diferença entre o
fracasso e o sucesso, entre
as trevas e a luz, entre o
desespero e a esperança,
entre o vazio e a plenitude.
O texto bíblico diz que
Jesus estava sentado perto
do poço, cansado da viagem.
Como? Jesus era Deus. Deus
não se cansa. Mas na pessoa
de Jesus, Deus se fez homem
para poder alcançar o pobre
homem condenado à morte.
Emociona-me pensar em Jesus
cansado. Pergunto-me às
vezes, o que Ele viu em mim
para deixar a glória celeste
e se fazer homem para me
buscar? Nunca O entenderei!
Mas o que teria sido de você
e de mim se Ele não tivesse
vindo nos buscar?
O encontro com Jesus mostrou
àquela mulher que além de
vazia por dentro, era um ser
humano cheio de
preconceitos.
Nunca saberemos na realidade
quem somos até que nos
encontremos face a face com
Jesus. Separados d'Ele,
seremos incapazes de
conhecer a nós mesmos.
Separados d'Ele, seremos
vítimas fáceis do complexo
de superioridade ou de
inferioridade. Jesus é o
único capaz de mostrar-nos
uma imagem equilibrada de
nós mesmos.
Analisemos o encontro. É
Jesus que inicia o diálogo.
A iniciativa da salvação
sempre é divina. Não é o
homem que quer ser salvo; é
Deus que quer salvar o
homem. A nossa aceitação é
simplesmente a resposta ao
trabalho que o Espírito está
realizando em nosso coração.
A iniciativa da salvação
sempre é divina. "... Dá-me
de beber" (João 4:7).
Por que o Rei do Universo, o
Criador do Céu e da Terra, o
Dono de todas as fontes de
água, pede de beber?
"Se eu tivesse fome, não to
diria, pois meu é o mundo e
a sua plenitude" (Salmo
50:12). Diz Davi. Por que
então Ele pediu água a
samaritana?
Aqui, há algo que precisamos
compreender. Deus nunca nos
pede algo porque precisa do
ser humano. Ele pede porque
tem algo maior para nos
oferecer.
"Dá-me, filho meu, o teu
coração..." (Provérbios
23:26).
Para que Deus precisa deste
coração egoísta que temos?
Ele pede porque tem algo
maior para nos oferecer. Não
esqueça disso!
Voltemos aos preconceitos da
samaritana. Ela não sabia
que era preconceituosa. Seus
preconceitos se revelaram na
presença de Jesus: "...
Como, sendo tu judeu, me
pedes de beber a mim, que
sou mulher samaritana?
(porque os judeus não se
comunicam com os
samaritanos)" (João 4:9).
Pobre mulher! Durante toda
sua vida tinha carregado um
vazio interior em seu
coração. Tentando preencher
esse vazio, tinha andado por
caminhos estranhos, tinha se
machucado e machucado muita
gente. Tinha descido a um
poço de angústia e
desespero. Sua vida não
tinha brilho, nem alegria,
nem maiores perspectivas.
Tudo era uma grande rotina
que a asfixiava.
Agora estava ali, diante de
sua grande oportunidade.
Jesus tinha deixado tudo de
lado e dirigido-Se a Siquém
para transformar sua vida,
mas o preconceito quase põe
tudo a perder.
O preconceito tem trazido
tanta dor à nossa vida! Não
feche seus ouvidos à Palavra
de Deus simplesmente porque
nasceu "samaritano". Não
permita que tradições e
preconceitos o impeçam de
analisar por você mesmo o
plano que Deus deixou para
você na Sua Palavra.
Quer ver outro preconceito
da samaritana? "... Senhor,
tu não tens com que a tirar,
e o poço é fundo; onde pois
tens a água viva?" (João
4:11)
Não havia lógica na promessa
de Jesus. Do ponto de vista
humano, a mulher estava
certa. O poço era fundo e
Jesus não tinha corda e nem
balde para tirar a água.
Como podia oferecer algo que
humanamente era impossível
conseguir?
É pensando deste modo que
muita gente sincera hoje
fica carregando dentro de si
a sede permanente da
insatisfação:
- Como pode Jesus resolver o
meu problema? Dê-me uma
explicação lógica.
Explique-me como isso se
encaixa nos princípios da
psicologia. Apresente-me
argumentos razoáveis; não me
diga que tenho simplesmente
que acreditar.
A resposta de Jesus não
apresentou nenhum argumento
que satisfizesse a
curiosidade lógica da
samaritana. Ele se limitou a
falar dos benefícios daquilo
que estava oferecendo. "...
Qualquer que beber desta
água tornará a ter sede; mas
aquele que beber da água que
eu lhe der nunca terá sede,
porque a água que eu lhe der
se fará nele uma fonte
d'água que salte para a vida
eterna" (João 4:13 e 14).
Era disso que ela estava
precisando. Uma água cujos
efeitos não acabassem nunca.
Estava cansada de soluções
passageiras. Precisava de
algo duradouro. Em sua vida
tinha tentado analisar as
coisas logicamente, sempre
tinha aceitado um argumento
depois de raciocinar muito
em torno dele, mas de que
tinha servido? Quanto tempo
tinham durado suas soluções
lógicas? Por que não dar
àquEle estranho um voto de
confiança? "... Senhor,
dá-me dessa água, para que
não mais tenha sede, e não
venha aqui tirá-la" (João
4:15).
Mas agora Jesus a confronta
com o seu passado. Ela não
podia continuar fugindo dele
e fingindo que estava tudo
bem. Por mais doloroso que
fosse, devia reconhecer quem
era. O médico só pode curar
alguém que reconhece que
está doente e que quer ser
curado. "Disse-lhe Jesus:
Vai, chama o teu marido, e
vem cá. A mulher respondeu,
e disse: Não tenho marido.
Disse-lhe Jesus: Disseste
bem: Não tenho marido;
Porque tiveste cinco
maridos, e o que agora tens
não é teu marido; isto
disseste com verdade" (João
4:16-18).
Será que Jesus gosta de
atormentar uma pessoa
lembrando-a de seu passado?
Não, claro que não. Mas Ele
sabe que para curar uma
ferida, é preciso limpá-la,
embora isso possa doer. Não
existe presente sadio sem um
passado limpo. Não é
ignorando o passado e
fingindo que nunca existiu
que poderemos construir um
presente sadio. É preciso
reconhecer o passado, a
culpa e os erros para então
levá-los a Jesus. Nada de
explicações. Ninguém precisa
justificar seus erros. Erros
precisam ser perdoados e
corrigidos, não explicados.
Conheci um jovem
aparentemente fracassado na
vida. Iniciara vários cursos
universitários e não
concluíra nenhum deles.
Tinha fracassado em dois
casamentos e os filhos não
queriam ficar com ele. Não
conseguia manter-se
empregado e qualquer
empreendimento próprio
terminava em falência.
Quando o conheci, ficou
muito tempo tentando
explicar seu insucesso.
Jogava a culpa nas
ex-esposas, dizia que os
filhos não queriam vê-lo
porque "elas faziam a cabeça
das crianças". Queixava-se
da falta de oportunidade,
criticava os ex-patrões,
jogava a culpa no governo
por causa da situação que o
país vivia e que não lhe
permitia prosperar em seus
empreendimentos. Enfim, todo
mundo era culpado. O fato de
estar experimentando drogas
era seu grito de protesto
contra a família e a
sociedade.
Gastamos muito tempo
conversando. Tentei
confrontá-lo carinhosamente
com sua própria realidade.
Nada mudaria se ele não
limpasse a ferida
infeccionada. Teria que
limpar o passado purulento,
mas antes era preciso
reconhecer que o passado
existia e estava cheio de
erros.
Chorou, chorou porque doía
sem dúvida. Mas caiu aos pés
de Jesus e clamou:
- Senhor, dá-me de beber
desta água para que nunca
mais tenha sede.
E o Senhor abriu os braços e
o recebeu.
O tempo passou. Hoje as
coisas são diferentes.
Reconstruiu o lar com uma
das ex-esposas, é um pai
querido, um esposo feliz e
um profissional realizado.
Esse Jesus maravilhoso está
neste momento perto de você
com os braços abertos. Não
permita que seus
preconceitos o impeçam de
abrir o coração e dizer:
- Senhor, dá-me dessa água
para que nunca mais tenha
sede.
Se você já correu muito por
essa vida, procurando um
sentido para sua existência,
experimente Jesus. Com Ele,
a cultura, o dinheiro, o
poder e a fama ganham maior
brilho. Tudo se encaixa,
tudo tem razão de ser.
Abra o coração e aceite a
Jesus
ORAÇÃO
Pai querido, estou abrindo o
coração a Jesus. Tu conheces
a minha história. Por favor,
responda esta petição
sincera. Amém. |