Quão incertas são as coisas
terrenas! Quão tolo é aquele
crente que coloca seu
tesouro em qualquer outro
lugar que não nos céus! A
prosperidade de Jó prometeu
tanta estabilidade quanto
qualquer coisa debaixo da
lua pode dar. Aquele homem
tinha à sua volta uma grande
casa com servos, sem dúvida,
dedicados e ligados a ele.
Ele havia acumulado riquezas
do tipo que não se
desvalorizam repentinamente:
ele tinha bois, jumentos e
gado. Ele não precisava ir a
mercados e feiras a fim de
comercializar seus bens para
adquirir alimento e
vestimenta, pois ele
praticava a agricultura em
grande escala ao redor de
sua propriedade e,
provavelmente, cultivou ali
mesmo tudo o que seu padrão
de vida exigia. Seus filhos
eram numerosos o bastante
para prometer uma longa
linha de descendentes. Sua
prosperidade não precisava
de nada para consolidar-se;
já havia chegado ao máximo.
Onde estaria o que poderia
diminuí-la?
Lá em cima, além das nuvens,
onde nenhum olho humano
poderia ver, havia uma cena
acontecendo que não
prognosticava o bem para a
prosperidade de Jó. O
espírito do mal estava face
a face com o Espírito
infinito de todo bem. Uma
conversa extraordinária
ocorreu entre esses dois
seres.
Quando chamado a contar seus
feitos, o maligno gabou-se
de ter passeado por toda a
terra, insinuando que não
havia encontrado nenhum
obstáculo à sua vontade e
nenhuma oposição ao seu
livre mover-se e agir de
acordo com seu próprio
prazer. Ele caminhou por
todo lugar como um rei em
seu domínio, desimpedido e
sem quem o desafiasse.
Quando o grandioso Deus
lembrou-o que havia pelo
menos um lugar entre os
homens em que ele, o diabo,
não tinha lugar e onde seu
poder não era reconhecido, a
saber, no coração de Jó; que
havia um homem que
permanecia como um castelo
inexpugnável, guarnecido
pela integridade, e guardado
com perfeita lealdade como a
possessão do reino dos céus,
o maligno, então, desafiou
Jeová a testar a fidelidade
de Jó, dizendo que a
integridade do patriarca era
devido à sua prosperidade,
que ele servia a Deus e
evitava o mal por motivos
sinistros, pois ele achava
sua conduta produtiva para
si mesmo. O Deus dos céus
aceitou o desafio do maligno
e deu-lhe permissão de tirar
todas as misericórdias que
afirmava serem as colunas da
integridade de Jó e de
destruir todas as defesas
externas e apoios e ver se a
torre permaneceria em sua
própria força natural sem
eles. Em conseqüência disso,
toda a riqueza de Jó se foi
num dia de trevas e nem
mesmo um filho foi deixado
para alentá-lo.
Um segundo encontro entre o
SENHOR e o anjo caído
ocorreu. Jó era novamente o
assunto da conversa e o
Grandioso, desafiado por
Satanás, permitiu que este
tocasse até mesmo os ossos e
a carne de Jó, até que
aquele príncipe tornou-se
pior do que um mendigo, até
que ele, que era rico e
feliz, estivesse pobre e
miserável, cheio de doença
da cabeça aos pés, e forçado
a raspar-se com um pedaço de
telha para ter um pobre
alívio de sua dor.
Temos de ver nisso a
mutabilidade de todas as
coisas terrenas. "Fundou-a
Ele [Deus] sobre os mares e
sobre as correntes a
estabeleceu" (Sl 24.2) é a
descrição de Davi desse
mundo, e se ele foi fundado
sobre as correntes, você
deve lembrar que elas mudam
com freqüência. Não ponha
sua confiança em nada abaixo
das estrelas. Lembre-se que
está escrito "mudança" em
tudo o que é da natureza.
Portanto, não diga: "Meu
monte permanece firme: nunca
será movido". O olhar de
relance de Jeová pode tremer
esse monte até ele se tornar
pó, o toque de Seu pé pode
torná-lo como o Sinai,
derretê-lo como cera e
torná-lo apenas em fumaça.
"Buscai as coisas lá do
alto, onde Cristo vive,
assentado à direita de Deus"
(Cl 3.1), e que seu coração
e seu tesouro estejam "onde
traça nem ferrugem corrói, e
onde os ladrões não escavam
nem roubam" (Mt 6.20). |