Muitas vezes os controles de
equalização têm uma
utilidade que pode não ser
percebida de imediato.
Melhor Equalização Ao Invés
de Aumentar o Canal
A tendência de muitos
operadores de som é sempre
querer elevar o nível de um
canal quando não ouvem
claramente o instrumento,
porém isto pode fazer com
que o instrumento fique alto
demais, com relação aos
outros instrumentos e vozes
que compõem o mix. Se você
perceber ser este o caso,
experimente reforçar a
equalização somente das
freqüências que mais
caracterizam aquele
instrumento, e isto poderá
traze-lo à tona no seu mix
sem fazer com que seu som
fique forte demais.
Equalização Subtrativa
Por outro lado, na maioria
das igrejas de pequeno a
médio porte é comum que o
som de instrumentos
acústicos esteja alto demais
antes mesmo de reforça-lo
colocando-o nas caixas de
som. Ë claro que isto pode
justificar não incluí-lo no
mix, porém aí o que acontece
é que todos os sons mixados
chegam de um ponto no espaço
(o do conjunto de caixas
principais) e o som do
instrumento chega de outro
ponto no espaço (a sua
localização física no palco)
e, portanto em outro
tempo... Dependendo da
disposição destes elementos
no seu salão de culto, isto
pode não ficar muito bom.
Assim chega-se à conclusão
de que o instrumentista
precisa tocar mais baixo. Se
ele lhe escutar, compreender
e fizer assim parabéns!
Como a realidade comprova
que conseguir que um músico
toque mais baixo pode ser
uma tarefa semi-impossível -
e não pretendo entrar no
mérito da questão neste
momento, a opção técnica que
resta é a equalização
subtrativa. Ao invés de
colocar freqüências naquele
som que já está forte
demais, a estratégia
recomendada acima se
inverte. Faça o seguinte:
com a banda tocando, escute
para ver quais as
freqüências deste
instrumento que chegam
acusticamente, ou sem
reforço do sistema de som..
Trabalhe com os controles de
equalização do canal deste
instrumento com o propósito
de cortar todas estas
freqüências audíveis. O que
sobrar (tipicamente as
freqüências mais elevadas)
será um complemento do som
já ouvido direto do
instrumento. Este
complemento estará saindo
nas caixas de som, assim
deslocando a referência da
posição de palco para as
caixas de onde procedem
todos os demais sons da
banda corrigindo, portanto,
psicoacusticamente o som
percebido pela congregação.
Não
É Com Qualquer Mesa
Ao ler as recomendações
acima provavelmente está
pensando: Mas será que eu
vou conseguir fazer isto com
os controles de equalização
da minha mesa? Na verdade
para se poder fazer isto é
necessário ter pelo menos 1
controle de equalização
semi-paramétrica por canal -
o que deveria ser requisito
mínimo para mesas que serão
utilizadas no controle de
som ao vivo . Caso
contrário, experimente com o
que tem nas mãos o resultado
pode ser melhor do que não
fazer nada... Lembrando da
recomendação que deixei no
último artigo de que quem
irá determinara a qualidade
de suas decisões será a SUA
REFERÊNCIA ou seja aqueles
sons que você tiver escutado
de boas gravações e
memorizado para tentar
conseguí-los ou, pelo menos,
se aproximar deles quando
estiver trabalhando na mesa
de som.
Ajustando Controles
Semi-paramétricos e
Paramétricos
Para se trabalhar com um
filtro de equalização
semi-paramétrica (na
passagem de som e não na
apresentação) uma dica é a
de fazer o corte máximo no
controle de
reforço/atenuação e girar
por completo o controle de
seleção de freqüência
varrendo as freqüências até
encontrar a que deixa o som
o mais próximo ao natural
(ou ao efeito que se deseja)
depois volte o controle de
reforço/atenuação à posição
neutra e vá cortando somente
até chegar no ponto em que a
sua referência lhe disser
que ficou bom. Dependendo do
que você for fazer com a
equalização, é valido,
também, aumentar o controle
de reforço/atenuação até o
reforço máximo, para então
varrer as freqüências e
descobrir qual a que lhe
será mais útil, voltando-o,
a seguir, para a posição
neutra e aumentando até se
encontrar o ponto ideal. A
estratégia para a
equalização paramétrica é
semelhante, selecionando-se
porém antes uma largura de
filtro média que pode ser
ajustada para maior ou menor
após se encontrar a
freqüência central ideal.
A
Qualidade de Som Não Vem Só
da Equalização
Já que estou abordando a
questão de qualidade na
equalização, vale a pena
deixar a seguinte
recomendação:
NÃO É NECESSÁRIO SEMPRE
ALTERAR A EQUALIZAÇÃO DE UM
CANAL!
E se tiver que mexer,
experimente primeiro cortar,
para, depois, reforçar
freqüências.
Na verdade, quanto melhor
for a qualidade do seu
equipamento - começando a
partir dos microfones e
instrumentos e passando pelo
sistema de som, tanto menos
se fará necessário corrigir
sua sonoridade. É nestes
casos que a equalização
acabará servindo apenas para
funções como as duas que
mencionei no início deste
artigo.
Digo isto pois tenho vistos
operadores doidos para girar
os controles de equalização
as vezes antes mesmo de
ouvir o som do instrumento
ou voz daquele canal! Volto
a dizer escute e compare
aquilo que estiver mixando e
depois, se for necessário,
use da equalização.
Acabo de dizer acima que
quanto melhor for a
qualidade dos instrumentos,
tanto menos se fará
necessário corrigir sua
sonoridade. Vale a pena
ressaltar que equalização
não faz milagres! Um prato
de bateria que tiver som de
bandeja de inox irá ter, no
máximo, o som de bandeja de
inox um pouco melhorada. E
isto vale para toda e
qualquer voz ou instrumento!
Portanto, para que se possa
ter um som de qualidade
convincente, é necessário
começar com um instrumento
de boa sonoridade, que seja
captado por um bom
microfone, conectado por
bons cabos amplificado por
bons amplificadores e
projetado no ambiente por
caixas de boa qualidade (Se
você não leu, vale a pena
voltar e conferir os meus
primeiros artigos que tratam
dos 4 Elos). Qualquer
equipamento que não tiver
condições de qualidade
compatíveis, acabará
prejudicando o nível de
qualidade e esta perda pode
não ser recuperável...
Obviamente, a qualidade duma
mesa de som e os circuitos
de pré-amplificação e
filtros de equalização que a
compõem, acabam tendo um
importante efeito na
qualidade final do som! |